"No seguimento de vários contactos que tenho tido com o presidente Putin, mas também com o presidente Poroshenko, informei os meus colegas do Conselho Europeu dessa conversa e houve uma parte da conversa que foi citada publicamente mas distorcida e completamente fora do contexto", declarou Barroso aos jornalistas portugueses presentes na cimeira da NATO em Newport, no País de Gales.
O ainda presidente do executivo comunitário referia-se a revelações do jornal italiano "La Repubblica", que afirmou que Putin terá dito a Barroso durante uma conversa telefónica "que podia tomar Kiev em duas semanas se quisesse", declaração que o presidente da Comissão Europeia terá partilhado no Conselho Europeu tido na semana passada.
"Não é bom quando conversas confidenciais são parcialmente citadas e ainda por cima parcialmente deturpadas", disse hoje Durão Barroso no primeiro de dois dias de trabalhos da cimeira da NATO.
O português reiterou a necessidade de se encontrar uma "solução política" para a crise na Ucrânia, tendo dito que nos contactos com os presidentes da Rússia e Ucrânia tem "em nome da União Europeia" procurado que "haja um esforço para a paz".
Sobre o eventual sucesso de um plano de paz para a zona, Barroso diz ser ainda "muito cedo "para dizer se vai funcionar ou não, mas deixou um alerta: "Já vimos num passado recente que às vezes as declarações não são seguidas de efeitos práticos. Mas vamos esperar", sublinhou.
O Presidente ucraniano afirmou já que será assinado na sexta-feira um plano de cessar-fogo para terminar o conflito com os separatistas pró-russos no leste e que a NATO está disponível para apoiar militarmente a Ucrânia.
"Amanhã [sexta-feira] será assinado em Minsk um documento que prevê a introdução gradual do plano de paz para a Ucrânia", afirmou Poroshenko à margem da cimeira da NATO.
Poroshenko, que se reuniu com os líderes dos Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, França, Itália e França, afirmou que "é muito importante" que o primeiro passo num plano de paz garanta um cessar-fogo.
O conflito no leste da Ucrânia, entre as tropas de Kiev e separatistas pró-russos, causou perto de 2.600 desde meados de Abril e centenas de milhares de refugiados e deslocados.
Lusa/SOL