"Além de não ser conhecido a Carlos Moedas qualquer pensamento e trabalho específico anterior nas áreas de investigação e ciência, foi atribuída a Carlos Moedas esta pasta, quando é um dos rostos do Governo que nas últimas décadas mais atacou a ciência e investigação, bem patente na asfixia financeira e material das universidades e laboratórios do Estado", afirmou João Ferreira à Lusa.
Segundo o deputado comunista, o Governo de Passos Coelho é o responsável pela "diminuição significativa de bolsas de investigação", de uma avaliação a centros de investigação "cujo objectivo é encerrar" grande parte.
"Carlos Moedas é um dos rostos que está a gerar indignação na comunidade de científica e que está a levar emigração muitos investigadores", acrescentou João Ferreira.
Carlos Moedas vai ficar com uma pasta directamente relacionada com aquele que é o maior programa orçamental gerido pela Comissão, o "Horizonte 2020". Concebido para os próximos sete anos (2014-2020), o "Horizonte 2020" é o maior programa público de apoio à investigação e à inovação do mundo e está dotado com um orçamento de praticamente 80 mil milhões de euros, o equivalente a 8% do orçamento comunitário.
Para o deputado comunista ao Parlamento Europeu, este programa está mal desenhado, beneficiando os grandes países, e afirmou que, da experiência da 'troika' em Portugal, não será Carlos Moedas quem terá capacidade para afrontar isso.
"O Horizonte 2020 tem servido o interesses das grandes potências. Portugal é um contribuinte líquido deste programa — dá mais do que recebe – o que é escandaloso. Precisávamos quem afrontasse e Carlos Moedas não é capaz de o fazer, pelo contrário, vai submeter-se ao directório de potências da UE", afirmou João Ferreira.
Como Comissário da Investigação, Ciência e Tecnologia, Carlos Moedas vai gerir duas das maiores direcções-gerais da Comissão Europeia, a Direcção-geral da Investigação e Inovação e o "Joint Research Centre", com cerca de 3.000 funcionários.
O futuro comissário foi um dos principais representantes do Governo nas negociações com os representantes da 'troika' – Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Central Europeu (BCE) e Comissão Europeia -, no quadro do programa de assistência financeira a Portugal, concluído em Maio passado.
Lusa/SOL