Desde que, em Maio, Marques Mendes lançou o nome de Maria Luís Albuquerque para a lista dos potenciais futuros líderes do PSD são cada vez mais os que encaram de forma séria essa hipótese. “Ambição não lhe falta”, assegura um destacado ex-dirigente social-democrata, explicando que se muitos começaram por duvidar desse potencial da actual ministra são agora muitos os que acreditam que pode vir a ocupar o lugar de Passos. “É dos nomes de que mais se fala”, atesta um deputado social-democrata.
“Maria Luís é um nome forte, que vai fazendo o seu caminho”, declara Marcelo Rebelo de Sousa, que não a vê já, porém, como a sucessora de Passos Coelho. “Ainda é cedo. Se Passos perder as eleições, ninguém garante que saia. Se sair, o próximo líder será ou o 'número dois' de um Governo de coligação com o PS ou um líder transitório na oposição”, comenta Marcelo, defendendo que “Maria Luís não deve ser trucidada como será aquele que for o sucessor de Passos”.
Marcelo acredita, aliás, que a ministra das Finanças podia ter aproveitado o desejo de Juncker de a ter num lugar de relevo da Comissão Europeia para preparar o caminho para a liderança: “Tinha sido bom estar cinco anos fora e regressar talvez até um pouco antes, a tempo de poder disputar eleições”.
Há, contudo, quem veja no facto de ter ficado em Portugal um trunfo. “Não ir para a Europa reforçou o seu peso político”, acredita um membro da direcção social-democrata, que defende que a ministra “tem estado a afirmar-se” e pode vir a ser uma solução para a era pós-Passos.
Os cenários da sucessão de Passos Coelho
Maria Luís não tem, de resto, escondido que gosta de política, participando nas actividades partidárias e deixando sinais de que não se prepara para sair da cena política quando acabar o trabalho nas Finanças.
“Em 2016 e 2017 ainda tenciono andar por cá”, brincou a ministra na apresentação do Orçamento Rectificativo, numa alusão ao facto de ainda vir a sofrer, como os restantes portugueses, o impacto das decisões agora tomadas – frase que acabou por ser lida como um sinal da sua vontade de continuar na política.
Ainda a um ano de eleições, não há, contudo, quaisquer movimentações para a sucessão de Passos Coelho e todos deixam claro que “ainda é cedo” para fazer apostas sobre quem lhe vai suceder.
Se Passos vencer as legislativas, continuará naturalmente a chefiar o Governo e o PSD por mais alguns anos. Mas, com a sombra de uma derrota possível em Outubro de 2015, intensificam-se as conversas sobre os nomes que se desenham como possibilidades para a liderança pós-Passos. E Maria Luís é aquela que surge com mais hipóteses.
De Miguel Macedo a Rui Rio
Mas outros nomes se perfilam já nos corredores do PSD: o ministro da Administração Interna, Miguel Macedo, o líder parlamentar Luís Montenegro, o vice-presidente Marco António Costa ou o ministro do Ambiente, Moreira da Silva, são figuras de que se fala e que terão ambições próprias de liderança num novo ciclo político.
Também Rui Rio continua a figurar entre os candidatos, mas a indefinição sobre o lugar que prefere – continua a ser apontado como possível concorrente a Belém – e a incógnita sobre o peso que terá no aparelho são factores que baralham as contas.
Há ainda outro elemento que pode mudar tudo: a percepção de que quem vier a seguir estará a prazo. Depois de Cavaco sair do Governo, passaram pela São Caetano à Lapa dois líderes – Fernando Nogueira e Marcelo – antes de Durão Barroso chegar a São Bento. Depois dos governos Barroso/Santana, foram três as lideranças – Marques Mendes, Menezes e Manuela Ferreira Leite – que conduziram o partido na oposição, até Passos Coelho vencer as legislativas.
E há ainda que contar com o efeito negativo que pode ter, para as ambições de alguns, o facto de terem estado no Governo de Passos. “Quando se perde eleições, os colaboradores mais directos do primeiro-ministro perdedor tendem a ser penalizados”, aponta um destacado social-democrata, que sublinha, no entanto, o “carácter mais independente que Maria Luís Albuquerque e Miguel Macedo têm conseguido manter” e que lhes pode assegurar mais hipóteses de virem a liderar o partido. “Quem tem agora muito poder, pode não vir a ter no pós-Passos, porque os militantes não gostam de perder eleições e vão mostrar o seu descontentamento”, vaticina a mesma fonte.