António Costa defende salário mínimo de 522 euros já no início do próximo ano

O candidato às primárias do PS António Costa considerou hoje que a negociação do aumento do salário mínimo nacional deve ter em conta a interrupção originada pela crise, devendo ser de 522 euros em 1 de Janeiro.

António Costa defende salário mínimo de 522 euros já no início do próximo ano

"Aquilo que devemos fazer é tomar como referência para a negociação que deve ser feita o valor que o salário mínimo teria no final deste ano se não tivesse sido interrompida a sua trajectória de actualização. E isso significa que, em 1 de Janeiro do próximo ano, o salário mínimo deveria ser 522 euros", afirmou hoje António Costa, em Seia, onde participou na "Academia Socialista" promovida pela JS.

Costa, que respondia a uma pergunta de um jovem participante, disse que "o tema do salário mínimo nacional é uma questão de cidadania e de dignificação do trabalho e, por isso, tem de ter um aumento independente da evolução da produtividade e independente do aumento do custo de vida".

"E o acordo que tinha sido feito na concertação social em 2007, e que foi interrompido na crise, teria conduzido ao salário mínimo de 500 euros em 2011. Manteve-se congelado nos 485 euros", observou, daí que defenda o valor de 522 euros em 1 de Janeiro de 2015, tendo como referência a trajectória que teria sido realizada.

Para o socialista, "esta deve ser a base de referência da negociação e não deve haver outra".

"Aquilo que importa no salário mínimo é, de facto, uma questão de correcção das desigualdades, de resgatar o mundo do trabalho do nível da pobreza, de dignificação do trabalho e uma questão de cidadania", disse.

Por esta razão, considerou ser necessário "separar a actualização do salário mínimo de uma actualização em função do nível de produtividade ou do nível da inflação".

Para Costa, "a primeira das prioridades tem de ser a reposição do tema do salário mínimo" em Portugal, apontando que "10% da população empregada está abaixo dos limiares de pobreza".

Já durante o seu discurso, o candidato às primárias do PS, considerou que a seguir ao programa de ajustamento português tem de se seguir um programa de recuperação económica, "que tem de ser construído também com a União Europeia".

António Costa lembrou que António Guterres costumava dizer que um dos maiores desafios da política é "conseguir transformar os problemas em oportunidades".

"E nós temos dois problemas que temos agora oportunidade de poder casar e resolver de uma forma positiva", disse, referindo-se ao nível de qualificação "bastante baixo" nas empresas e de existir "uma enorme geração que está 37% no desemprego e com níveis de qualificação muitíssimo superiores àqueles que eram os das gerações anteriores".

Costa propõe um mecanismo para que se possa incorporar a mão-de-obra desempregada "como um factor de modernização" do tecido empresarial contribuindo para acelerar a sua modernização e "empresas mais competitivas na economia global".

Defende a utilização de fundos da União Europeia para esse fim e, também, a introdução de mecanismos de reformas a tempo parcial, como contrapartida da admissão de jovens a tempo inteiro.
 

SOL/Lusa