António Costa não passa pelo Rossio: crónica de um pesadelo urbano!

Ontem, viveu-se uma verdadeira calamidade em Lisboa: o que vimos presencialmente, e através de vídeos amadores que foram divulgados pelas televisões, mostrou uma cidade digna de um país do terceiro mundo. Os blogues, comentadores na internet aqui no site do SOL, reacções na rua, taxistas começaram logo a assacar responsabilidades a António Costa, ainda (eu…

António Costa não passa pelo Rossio: crónica de um pesadelo urbano!

Dito isto, se António Costa não teve culpa na origem e consequências gerais do “pesadelo urbano” de ontem, a verdade é que não podemos ignorar os problemas estruturais de Costa à frente de Lisboa e a sua desastrada gestão política dos acontecimentos de ontem. Comecemos pelo último caso. Então, com Lisboa a ser inundada, António Costa desaparece? Esconde-se? Não se dirige aos sítios mais problemáticos in loco para averiguar se a Câmara poderá fazer algo na atenuação dos danos sofridos pelos lisboetas? Para, pelo menos, mostrar alguma solidariedade, alguma força, sentido de bravura e afecto aos lisboetas? Um Presidente de Câmara também tem de se mostrar um líder, um inspirador das suas gentes…Mas António Costa não inspira nada, nem ninguém. Cuida das suas ambições políticas pessoais, achando preferível contactar directamente com jornalistas e meter os seus assessores a fazer lobbying – do que falar com o povo lisboeta. Para Costa, o importante é ser líder do PS e Primeiro-Ministro. E mesmo aí, António Costa só gosta de estar nos momentos bons, de glória: esperou que Seguro se queimasse durante a fase mais difícil de execução do memorando da troika, avançando agora, altura que se aproximam as eleições legislativas. Como alguém que quer ser Primeiro-Ministro só gostar de aparecer na fotografia quando as coisas correm bem? Pode alguém querer ser Primeiro-Ministro quando, em todos os cargos políticos que exerceu, à primeira dificuldade, resolve sair e candidatar-se a outro cargo? Recorde-se que António Costa era Ministro da Administração Interna de José Sócrates – resolvendo sair para ir para a Câmara de Lisboa quando o combate aos incêndios lhe correu muito mal e teve imensos problemas políticos com o SIRESP! Enfim, convém não ter memória curta quando se trata de avaliar políticos…

Quanto à incompetência estrutural de António Costa na gestão de Lisboa, os factos estão aí para a demonstrar. Graças à política governamental – do Ministério da Economia e do Secretário de Estado do Turismo – Lisboa tornou-se num destino turístico muito procurado. É fashion visitar Lisboa. No entanto, em tudo o que respeita às atribuições e competências da Câmara, é um desastre: o lixo acumula-se, é uma cidade suja, nunca houve tantos buracos no pavimento, o que gera insegurança com pessoas a cair constantemente na rua; animação cultural promovida pela Câmara, é rara – e depois, aquela que é promovida pelos privados, a Câmara ora ajuda uns, ora rejeita outras iniciativas com grande mérito, sem critérios objectivos. Enfim, António Costa não tem – nunca teve – um projecto político, uma visão para o futuro de Lisboa. Por uma razão simples: Costa sempre viu em Lisboa a rampa de lançamento para a liderança do PS!

A concluir, não se pode deixar de dizer que António Costa descaradamente aos lisboetas. Fernando Seara interpelou várias vezes Costa sobre as suas reais intenções – e este sempre afirmou o seu compromisso total e exclusivo com Lisboa. Pois: é mais um salta-pocinhos da política portuguesa…

De segunda a sexta-feira João Lemos Esteves assina uma coluna de opinião no SOL

joaolemosesteves@gmail.com