Ainda a audição não tinha terminado e já o socialista Carlos Zorrinho confessava no Twitter estar a ser convencido pelas respostas de Moedas aos eurodeputados.
No final, mais comedido no elogio, limitava-se a dizer "falou bem, vamos ver se faz bem". E, em tom de gracejo, lá confessava que outra coisa não esperava de um "rapaz de Beja". "É alentejano, é de boa cepa", brincava Zorrinho à saída da audição.
Paulo Rangel concordava na boa nota dada a Carlos Moedas. "Foi inteligente a forma humilde e empática como se dirigiu ao Parlamento", realçava, explicando que terá caído bem a desenvoltura linguística do português, que se expressou em Inglês, Francês e Espanhol. "Muitos falam várias línguas, mas poucos são fluentes".
O social-democrata acha mesmo que foi na língua de Shakespeare que Moedas mais brilhou. "Notava-se mais o nervosismo quando falava em Português". Em Inglês, Carlos Moedas mostrou estar a par dos dossiers, "sem passar a ideia de que veio aqui para dar lições".
Apesar de os corredores de Bruxelas não lhe serem familiares, Moedas usou a vasta experiência internacional para mostrar que o ambiente do Parlamento não lhe é estranho: apresentou-se como um produto da primeira geração de Erasmus, contou como se casou em França e falou na experiência académica e profissional nos EUA e no Reino Unido.
Acima de tudo, Carlos Moedas veio ao Parlamento Europeu tentar passar a imagem do executor. "Sou uma pessoa de implementação", disse na sua intervenção final.
Não foi, porém uma imagem fria aquela que Moedas quis deixar nos eurodeputados. Começou cada resposta com o agradecimento da pergunta e tentou falar do que interessa a cada país, introduzindo, por exemplo, a importância do design quando respondeu a um deputado italiano.
Quando concluiu, Moedas deixou o mote da forma como quer ser visto: "uma pessoa que acredita".
Mas foi na nota europeísta, quando falou da vontade que tem de deixar uma Europa aos seus filhos, que obteve a maior ovação. As palmas marcaram um discurso pró-europeu, num mandato que começa marcado pela sombra dos avanços das forças anti-europeias.
Rangel acha que Moedas trouxe um discurso que falta na Europa e que tem sido a razão do sucesso de países como os Estados Unidos. "No fundo, o que ele disse, sem o dizer desta forma, é que é preciso inovar na política de inovação. Saber pôr o conhecimento ao serviço da economia".