Inundações que já não são notícia

As zonas de Algés e do Dafundo, ambas no concelho de Oeiras, e a chamada Alta de Lisboa, na freguesia do Lumiar, são exemplos apontados pelo especialista em hidráulica do Instituto Superior Técnico (IST) António Monteiro para ilustrar a forma como a realização de obras hidráulicas pode, de facto, resolver os problemas das cheias urbanas.…

“A zona baixa de Algés e do Dafundo foram notícia durante muitos anos pelas cheias que ocorriam com grande frequência quando havia uma precipitação mais intensa”, lembra o Monteiro, acrescentando: “Após as obras efectuadas pela engenharia hidráulica, deixaram de o ser. Mesmo com as chuvas elevadas que se verificaram ultimamente”.

Com construções erguidas sobre várias ribeiras, sempre que havia períodos de chuva intensa, as cheias nestas zonas eram frequentes.

A solução encontrada pelos engenheiros hidráulicos foi “um sistema de drenagem misto, em que se fez um desvio de caudal, por um lado, e, por outro, uma bacia de retenção com volumes de encaixes diferentes, que libertam a água em momentos diferentes, drenando-a para o rio”, precisa Monteiro.

No caso da Alta de Lisboa, a construção de um lago numa área mais baixa, para onde as águas das chuvas escorrem de uma forma natural (inundando a zona e drenando a água em fases diferentes) é a solução para fazer face às cheias.

É esta, aliás, a resposta que uma cidade como Lisboa, erguida sobre ribeiras, deve ter, defende o mesmo especialista: “É necessário ter um plano director municipal que preveja zonas que são propositadamente inundadas”.

sonia.balasteiro@sol.pt