"O Estado tem tido sorte de viver num clima de estabilidade dada a gravidade das incidências que a actual política vem lançando em quem trabalha e em todas as pessoas em geral", afirmou Alberto João Jardim na sessão de encerramento do II congresso regional da UGT na Madeira, que decorreu no Funchal, subordinado ao tema "recuperar a esperança, olhar o futuro", que serviu também para reconduzir o actual dirigente madeirense, Ricardo Freitas.
Na opinião do líder insular, esta situação da estabilidade social aparente em Portugal acontece "porque as pessoas têm medo de perder o emprego, da solução nova ser pior do que a actual e daí haver este espectro e camuflagem de estabilidade".
Mas, para Jardim "o que se está a viver hoje na sociedade portuguesa é uma ameaça à estabilidade", devido ao que classifica de "situacionismo, conservadorismo, português", apontando que "se não se fizerem as mudanças rápidas e profundas nas políticas, a situação caminha para a insustentabilidade".
O líder regional elogiou a "paciência e pachorra" da UGT e das confederações sindicais, realçando, contudo, que "a paciência tem limites".
"Não é possível aguentar muito tempo a estabilidade se não se for ao encontro da satisfação das necessidades das pessoas", vincou, observando que "está provado que se não se reformar o Estado, Portugal não tem qualquer saída".
Jardim destacou que "a primeira necessidade e preocupação que o país tem agora é o emprego", comparando a linha de actuação das duas centrais sindicais.
Para o chefe do governo madeirense, enquanto a UGT, embora "contestando veemente a situação que o país está mergulhado aponta para soluções para o emprego, a outra [CGTP] encontra-se num caminho corporativo, conservador, de não criar mais emprego, limitando-se ao papel de defender os empregos que já estão".
"Assistimos a uma decadência da Europa", opinou também o governante madeirense, referindo que "estamos perante o falhanço das políticas orçamentalistas que se não forem alteradas trarão problemas no futuro".
No entender de Jardim, "se dentro de cinco anos não se tiverem feito as grandes transformações que são necessárias ao projecto europeu", o seu futuro está em causa, pois "a Europa está mais divida do que nunca entre países credores e devedores".
Jardim insistiu ainda na importância da revisão constitucional em Portugal e voltou a justificar que foi necessário fazer dívida pública [avaliada em 6,3 mil milhões de euros que resultou num programa de ajustamento económico e social negociado com o Governo central] para promover o desenvolvimento deste arquipélago e garantir as conquistas de 40 anos de democracia nesta região.
Lusa/SOL