Os impostos do Governo e as taxas da Câmara

Nos países nórdicos, onde se pagam os maiores impostos do mundo (progressivamente, tributando sobretudo os rendimentos mais altos), ninguém contesta a fiscalidade, por a ver ser bem empregada socialmente (em politicas sociais e de obras públicas sobretudo), coibindo-se os políticos das mordomias a que os de cá chamam ‘custos da democracia’ para empocharem sem limites.

Os impostos, bem empregues, seriam uma distinção entre os que defendem políticas sociais (da esquerda socialista aos democratas-cristãos), e os que não querem uns nem outras (liberais).

Por cá, o Governo cobra uma pornografia excessiva de impostos, destinados essencialmente a manter os políticos à margem da crise (as tais mordomias cá designadas ‘custos da democracia), e a aumentar alarvemente o endividamento (que já vai nos 130% do PIB, quando com Sócrates, que nunca defendi, não chegou a tal desmando).

Daí a ironia de ver membros deste Governo atacarem o presidente da Câmara de Lisboa, por taxar com 1 euro em 2015 os desembarques em aeroportos e portos da cidade, e em 2016 também as dormidas. É que estas taxas, comedidas, incidem sobretudo sobre estrangeiros, e ficam muito aquém do que se pratica em cidades congéneres, como Barcelona, Roma ou Paris. Além de que a CML não queima todo este dinheiro em mordomias dos seus políticos, mais juros de um endividamento louco, mas faz obra. De qualquer modo, certamente os membros deste Governo são quem tem menos autoridade para questionar isto. Talvez outros, com direito a serem ouvidos, sim, mas Pires de Lima (ainda por cima com o ar de clown usado no Parlamento), definitivamente, não – sem primeiro ver o que o seu Governo cobra em impostos, sobretudo do trabalho de cada um, mas também de portos e aeroportos, ou de dormidas turísticas (quem mata afinal a galinha dos ovos de oiro?).