O que fez cair a reposição das subvenções para políticos

Durante a tarde de ontem, começou a fazer sentir-se o mal-estar entre os sociais-democratas em torno da proposta de reposição das subvenções vitalícias para políticos. Ao final do dia, já havia vozes de revolta no Facebook.

Carlos Carreiras, vice-presidente do PSD, escreveu naquela rede social que considerava “imoral” e uma “vergonha” repor estes subsídios depois de se pedirem tantos sacrifícios aos portugueses.

“Simboliza muito do que tem afastado os portugueses do sistema partidário.É um erro colossal e uma péssima decisão”, dizia Carreiras no Facebook.

Duarte Marques foi outro dos que expressaram discordância no Facebook. 

“Há decisões que nos revoltam, que ninguém compreende e que parecem dar razão a quem nos critica. Nem com a jurisprudência do TC me convencem que é o mais acertado. Política e eticamente é inaceitável”, escrevia Duarte Marques na sua página pessoal, na quinta-feira ao final do dia.

“É um erro crasso”, dizia também na rede social o deputado social-democrata Cristóvão Norte.

Na altura, Duarte Marques vaticinava que a proposta podia acabar por cair, mesmo depois de ter sido aprovada na Comissão de Orçamento e Finanças, com os votos a favor de PSD e PS, a abstenção do CDS e os votos contra de PCP e BE.

“Cheira-me que isto não vai ficar assim porque ainda a votação vai no adro”, previa o deputado.

Esta sexta-feira, os acontecimentos vieram dar razão a Duarte Marques.

Luís Montenegro, líder parlamentar social-democrata, começou a manhã de sexta-feira reunido com os vice-presidentes da bancada.

O mal-estar já era indisfarçável e a opção foi deixar cair a proposta para não ficar com o ónus de estar a repor subsídios a políticos depois de todos os sacrifícios pedidos aos portugueses. Percebendo o custo político da medida, o PSD acabou por recuar. Já estava, de resto, sem o apoio do seu parceiro de coligação. É que, apesar de haver um acordo entre os dois partidos para que os centristas não provocassem ondas à volta do tema, a verdade é que o CDS se absteve na votação da proposta na Comissão de Orçamento e Finanças.

Com a reposição já aprovada, acabou por ser uma avocação ao plenário feita pelo BE a dar oportunidade ao PSD para recuar. Os bloquistas quiseram que o assunto não passasse sem antes ser votado em plenário e isso permitiu ao PSD abortar o processo que, de outra forma, já estaria aprovado.

Momentos depois, no arranque do plenário, Couto dos Santos – o deputado do PSD que, juntamente com o socialista José Lello, subscrevia a proposta – anunciou o recuo.

“Proposta das subvenções retirada! Viva o bom senso e coragem de quem lutou, mesmo que discretamente”, reagiu logo no Facebook, Duarte Marques.

“O bom senso prevaleceu e não posso deixar de partilhar o quanto me sinto privilegiado de ser um apoiante incondicional de Pedro Passos Coelho”, escrevia também esta sexta-feira Carlos Carreiras.

margarida.davim@sol.pt