A maior mobilização de sempre registou-se em 2004, quando a liderança do PS foi disputada entre José Sócrates, Manuel Alegre e João Soares: mais de 35 mil militantes participaram na votação. Uma fasquia quase alcançada na disputa de 2011 entre António José Seguro e Francisco Assis, com mais de 34 mil votantes.
Estes números dificilmente serão alcançados por António Costa, candidato único, uma vez que a participação é proporcional à incerteza sobre o resultado. Em 2006, quando Sócrates foi pela primeira vez reeleito sem oposição, participaram no acto eleitoral apenas 26.553 militantes, número semelhante ao de 2013, quando Seguro concorreu contra Aires Pedro (26.725).
“A participação poderá não ser tão alta. 85% das listas para delegados ao Congresso são únicas, por isso não há tanta mobilização localmente”, explica ao SOL Joaquim Raposo, que preside à Comissão Organizadora do Congresso (COC). “Não há grande motivação dos próprios candidatos nem das pessoas para ter mais votos e lugares, não precisam de fazer tanto esforço como se houvesse disputa interna”, acrescenta. Ana Catarina Mendes, que foi directora de campanha de António Costa nas primárias, também admite que, com um candidato único, “tendencialmente há uma menor participação”, mas mostra-se “optimista” tendo em conta o que tem observado nas sessões que Costa tem feito pelo país.
O facto de só haver um candidato e de a esmagadora maioria das listas de delegados ao Congresso de 29 e 30 deste mês serem únicas é visto, aliás, como uma vantagem. “É um sinal positivo de que o partido serenou as feridas, senão haveria muitas listas. Demonstra uma pacificação e que o PS está ainda mais coeso”, diz Joaquim Raposo.
Radiografia ao militante
Poderão votar nas directas os 47.727 militantes com quotas pagas, segundo dados da COC. A maioria (59,2%) tem entre 35 e 65 anos. Os mais jovens ultrapassam por pouco os mais velhos: 21,43% têm entre 18 e 35 anos e 19,37% mais de 65. Já ao nível da escolaridade, 22,59% têm a instrução primária, 13,8% concluíram o 6.º ano, 18,6% terminaram o 9.º ano e 17,47% acabaram o 12º. Os licenciados são 18,37% e com mestrado e doutoramento 1,5%.