O líder parlamentar socialista, que está envolvido num processo negocial sobre a reforma do IRS, demarcou-se de uma postura de entendimentos. "Até às eleições os consensos não são importantes, o que interessa são as propostas diferenciadoras". A "agenda para a década" de Costa deve afirmar-se contra a "agenda da austeridade", pois só assim será possível derrotar Passos Coelho, defendeu
Ferro começou o discurso na FIL dizendo que há doze anos não falava num congresso do PS. E recordou o momento recente em que António Costa o convidou para líder parlamentar. "Hesitei algumas horas. Depois lembrei-me da geração dos meus pais, de Almeida Santos e Mário Soares". Inspirado pela coragem dos dirigentes históricos do PS, Ferro aceitou.
Coragem, "muita coragem", é o que António Costa também precisa para "ser primeiro-ministro de Portugal", num período de crise económica e social. Cinco meses depois, "a situação é mais dramática. Mas temos Costa com a mesma firmeza e entusiasmo", exultou.
"Estamos aqui, coesos, unidos, e isso é muito bom para Portugal e para o PS", disse. Porque o país não aguenta mais cinco anos de fracassos e o PS tem uma "enorme responsabilidade para que isto não continue além de 2015".
Ferro Rodrigues criticou o Governo e referiu o livro do ex-ministro Álvaro Santos Pereira, ontem posto à venda, em que o antigo titular da Economia disse que quando saiu do Governo "não podia mais conviver com a hipocrisia e a a chantagem" feita por Paul Portas.
"Pergunto: o que tem o Presidente da República e o primeiro-ministro têm a dizer a um ministro que conviveu durante anos com a hipocrisia e a chantagem?", questionou o socialista.
Ferro criticou também "a institucionalização da caridade selectiva" que está na base da privatização da segurança social. Mais uma razão, considerou, para a urgência de o PS ser Governo.