"Da nossa parte nunca houve problema em apoiar propostas que considerássemos positivas vindas do PS. Não temos esse preconceito. Estamos abertos ao diálogo, à convergência, mas definindo políticas e não tentar pensar formar um governo", disse aos jornalistas Jerónimo de Sousa.
Para o PCP, é fundamental que o PS não defina primeiro a sua posição em relação a algumas políticas.
"Se o PS considera que é um condicionalismo incontornável ao nosso desenvolvimento o Tratado Orçamental, se é preciso ou não revogá-lo para criar condições para esse desenvolvimento tendo em conta a ditadura do défice, sim ou não o direito aos salários e às pensões, em relação aos quais o PS tem de assumir uma posição clara em vez de remeter para a concertação social, se está disposto a parar este processo de privatizações, se sai ou não da posição híbrida em relação a uma nova política fiscal que taxe o grande capital e que permita às famílias e aos trabalhadores um novo alívio", concretizou.
A discursar para duas centenas e meia de militantes e simpatizantes, o líder comunista frisou que "não basta ao PS parecer, mas ser", citando antes o provérbio da antiguidade clássica de que "à mulher de César não basta parecer, mas ser".
Para Jerónimo de Sousa, ao PS não basta "mudar de líder e de caras nem proclamar posicionamentos de esquerda para branquear o passado e gerar expectativas de mudança se pretende manter as orientações que conduziram o país à crise e à situação de degradação actual".
O secretário-geral do PS, António Costa afirmou hoje que os socialistas não vão "ajudar" os partidos à sua esquerda a manterem-se no "protesto", mas chamá-los para "a solução", recusando totalmente um entendimento à direita, quaisquer que sejam os protagonistas.
Em relação ao aparecimento da chamada Convenção para uma Candidatura Cidadão às Eleições Legislativas de 2015, cujo secretariado é composto por ex-bloquistas, o secretário-geral do PCP questionou "qual esquerda", considerando que "são pessoas que estão mais a pensar em juntar os trapinhos ao PS do que numa política de esquerda".
"É preciso que cada um diga o quer fazer ou propor e nesse sentido são movimentos de forças que tenderão a esvaziar porque falta um projecto de afirmação alternativa", concretizou.
O secretariado da Convenção, eleito no sábado, é composto por ex-bloquistas como Ana Drago e Daniel Oliveira, pelo antigo eurodeputado Rui Tavares e ainda nomes como Abílio Hernandez, Rui Feijó, Manuela Silva, André Barata, Paulo Fidalgo e Sofia Cordeiro.
O secretariado foi eleito num encontro que reuniu em Lisboa o partido LIVRE e o movimento de cidadãos associado, incluindo Fórum Manifesto e Renovação Comunista.
Lusa/SOL