Miguel Poiares Maduro desistiu da coordenação política. No seu ministério, as grandes prioridades são agora a gestão dos fundos comunitários, a descentralização e a modernização da administração pública.
Sem acesso a toda a informação e com a mão firme do primeiro-ministro na definição da estratégia política, Poiares Maduro decidiu chamar para si pastas que até agora estavam mais sob a alçada dos seus secretários de Estado e assumir que a coordenação do Governo não faz parte das suas funções.
«O coordenador político do Governo é Passos Coelho. Ponto final», assume uma fonte do PSD, explicando que no partido também já ninguém espera esse papel de Poiares Maduro. «Se falhou como coordenador político, ganhou-se um ministro do interior e da descentralização», acrescenta a mesma fonte.
«Poiares Maduro não tem peso junto do aparelho, entrou a meio do mandato e não tem acesso a toda a informação. Assim, é impossível fazer coordenação política», assume outro social-democrata.
Uma fonte do Executivo rejeita, porém, a ideia de que não haja coordenação política. «Marco António Costa é uma peça imprescindível para a coordenação entre o partido e o Governo, a coordenação das acções da maioria pelo país e na ligação à liderança da bancada parlamentar», resume.
PSD não gostou do ataque de Carreiras
Apesar disso, as palavras de Carlos Carreiras – que, na semana passada, em declarações ao SOL, acusou o ministro de «falta de coordenação e liderança política» – caíram mal no PSD. No arranque de um ano político intenso, com legislativas em Outubro, os sociais-democratas não gostaram de ver um dos seus vice-presidentes a arrasar um membro do Governo. «Não caiu bem», assume outra fonte social-democrata.
A intervenção de Carreiras foi, de resto, entendida como uma forma de marcar terreno. «É alguém que gosta de ter uma voz própria e escolheu uma vítima que não tem um lastro político que lhe possa vir a causar danos», comenta um deputado, que acha que Carreiras está a «pensar no seu futuro político do PSD».
Certo é que Poiares Maduro não vai reagir à provocação. «Ninguém vai ver o ministro embrulhado em politiquices e intrigas», assegura uma fonte do Governo. Contactado pelo SOL, Poiares Maduro não quis fazer qualquer comentário.