"Independentemente do chumbo, quando o ministro Paulo Portas vier apresentar as suas propostas, pode ter a absoluta certeza do que o PS o vai confrontar com as responsabilidades políticas", afirmou o deputado socialista Rui Paulo Figueiredo, em declarações à Lusa.
Ao início da tarde, na comissão parlamentar de Economia e Obras Pública, a maioria chumbou um requerimento do PS para ouvir Paulo Portas sobre os 'Vistos Gold'. Contudo, na mesma reunião, foi aprovado outro requerimento apresentado pelo PSD e CDS-PP para a audição do vice-primeiro ministro sobre alterações legislativas ao regime dos 'Vistos Gold', assim que as respectivas propostas estejam concluídas.
"Não se perde nada porque [entre os dois requerimentos] apenas o 'timing' [prazo] era diferente", explicou o deputado do CDS-PP Hélder Amaral, em declarações anteriores à Lusa.
Confrontado com esta explicação, o deputado socialista Rui Paulo Figueiredo recusou que se trate de uma questão de 'timing', considerando que o problema que existe é de "conteúdo e de responsabilidade política".
"A dúvida com que ficamos é do que tem medo Paulo Portas, do que se quer esconder Paulo Portas e do que o PSD e o CDS querem proteger Paulo Portas", questionou, frisando que o PS antes de debater o futuro quer "perceber o que correu mal no passado".
Por isso, acrescentou, "o ministro Paulo Portas vai ter que, mais cedo ou mais tarde, debater essas responsabilidades políticas que tem em tudo aquilo que correu mal".
Reiterando que o PS não é contra os 'Vistos Gold', Rui Paulo Figueiredo insistiu que para construir um mecanismo melhor para a sua concessão é preciso "analisar com profundidade tudo aquilo que correu mal e a partir do que correu mal apresentar contributos e propostas alternativas".
"Nós queremos fazer esse debate e por isso é que gostávamos de debater com seriedade aquilo que correu mal", disse, lamentando que PSD e CDS-PP queiram estar "em circuito fechado a analisar o que correu mal, para depois apresentarem uma proposta".
Na sequência da operação Labirinto, uma investigação relacionada com a atribuição de 'Vistos Gold' que levou à detenção de 11 pessoas suspeitas de corrupção, branqueamento de capitais, tráfico de influências e peculato, entre os quais o ex-director do SEF, a ministra da Administração Interna Anabela Rodrigues pediu à IGAI um inquérito ao procedimento de concessão de autorização de residência para actividade de investimento pelo serviço.
Nas conclusões desse inquérito, a IGAI propôs uma alteração ao quadro legislativo e a criação de um conselho consultivo que integre personalidades "de reconhecido mérito nas áreas jurídica, financeira, contribuição e impostos e policial".