No final de um Conselho Europeu informal que assinalou a estreia de Tsipras em reuniões de líderes da União Europeia, Passos Coelho, questionado sobre a sua alegada antipatia relativamente ao novo Governo grego, garantiu que tal não é o caso.
"Respeito as eleições que tiveram lugar na Grécia e o primeiro-ministro grego merece todo o meu respeito, como todos os outros chefes de Estado e de Governo à volta da mesa do Conselho, e não tenho por maneira de ser tratar com antipatia quem seja que for", afirmou Passos Coelho, acrescentando não ter "nem simpatia, nem antipatia" por Tsipras, pois não o conhecia pessoalmente e ainda não se proporcionou.
Passos Coelho referiu que teve, no entanto, "oportunidade de ouvir muito atentamente" a exposição que Tsipras fez perante o Conselho Europeu.
"Daquilo que lhe ouvi, não ouvi nada de diferente que não tivesse sido já transmitido através dos media e, por isso, percebi a dificuldade de alguém que sente que foi eleito contra um programa que está a ser executado e que, no entanto, tem uma execução que é indispensável à observância das regras a que todos estamos obrigados na UE", observou.
"Percebo portanto o seu problema, de ver como consegue conciliar o respeito pelas regras europeias com o mandato que lhe foi conferido na Grécia, mas esse evidentemente é um problema pelo qual eu tenho simpatia, mas não é um problema que eu possa resolver", prosseguiu.
Passos Coelho fez então um paralelo e lembrou que foi eleito, em Portugal, não contra um programa, mas "com o compromisso de que respeitaria e executaria o programa que tinha sido negociado pelo Governo anterior".
"E apesar de saber que ele continha metas que eram pouco realistas, na verdade, a opção que tomei na altura não foi a de pedir a renegociação do programa, mas de procurar cumpri-lo, de maneira a poder conquistar espaço de respeito e confiança suficiente para o poder ajustar", apontou.
Segundo Passos Coelho, "o euro não seria o mesmo hoje se Portugal ou a Irlanda tivessem falhado os seus programas, tivessem precisado de fazer reestruturações da divida, tivessem precisado de um segundo ou terceiro programa".
"Mas, evidentemente, as opções que nós tomámos não as impomos aos outros", concluiu.
Lusa/SOL