O dirigente do PS Álvaro Beleza, que pedira a António Costa que “clarificasse” o seu posicionamento face a alianças antes das eleições, gostou de ouvir o secretário-geral afastar o Bloco Central dos cenários pós-eleitorais. “Fiquei satisfeito com a declaração do secretário-geral do PS”, diz ao SOL.
Mas Beleza entende que as alianças com o CDS não devem ficar prejudicadas. “Não temos de ter problemas com o CDS. A democracia-cristã é fundadora da ideia da Europa e do Estado Social. E neste Governo, o CDS foi o travão ao excesso neo-liberal”, explica Beleza.
Para o socialista – que negociou com António Costa a transição do segurismo – a exclusão do Bloco Central não se justifica por preconceito ideológico. “Quando digo não ao Bloco Central é um não ao bloco dos interesses dos dois grandes partidos, porque isso é o pântano. É doentio para a democracia. O Bloco Central, só é admissível, em “situações limite, como há quatro anos. Mas agora já saímos do resgate”, diz ainda ao SOL.
Respondendo ao primeiro-ministro que, em entrevista ao Expresso, admitiu a hipótese de Bloco Central, Costa afirmou que o país “não está à espera nem precisa de um Bloco Central”.
Declarações que o secretário nacional do PS Manuel Pizarro diz não terem sido por “preconceito partidário”, mas por ausência de pontos comuns no diagnóstico e terapêutica para o país. “Neste momento há uma separação total do PS com os partidos do Governo, em especial com o PSD que tem sido mais conservador do que o CDS”, afirma.
Contudo, se o PS não alcançar a maioria absoluta e o parceiro preferencial, o Livre, não chegar, Pizarro admite que a derrota do PSD promova alterações no partido que tornem a exclusão dos sociais-democratas “obsoleta”. Quanto ao CDS a porta fica mais aberta: “O CDS tem demonstrado na sua história uma dose de pragmatismo e é mais natural que num futuro próximo faça o contrário do que fez agora com a mesma convicção”.
O histórico do PS Vera Jardim, em entrevista à Renascença, também já tinha dado preferência a uma coligação com o CDS.