Cavaco Silva explica que uma das razões para apoiar a entrada de um país onde não se fala Português foi não querer deixar Timor-Leste ficar mal. « Tendo existido um grande empenho das autoridades timorenses na adesão da Guiné Equatorial, um veto português significaria o fracasso da cimeira, com elevados danos reputacionais para Timor- Leste», escreve o Presidente.
Mas Ramos-Horta contraria esta ideia.
«Quem tem acompanhado este processo sabe que os factos são outros: o lobby forte pela admissão da GE na CPLP foi sempre desencadeada por Angola e Brasil, apoiado por todos os outros Países Africanos da CPLP,Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe», escreveu o antigo Presidente timorense no Facebook, onde explica que Timor simplesmente apoiou uma decisão que já estava tomada e na qual o papel de Angola e do Brasil foram preponderantes.
«A reunião ministerial da CPLP que precedeu a Cimeira de Dili já tinha acordado, consensualmente, na adesão da GE. Perante a postura firme de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e Angola, Portugal anuiu. Timor-Leste simplesmente secundou esta posição», afirma Ramos-Horta.
No prefácio do último dos seus Roteiros Cavaco Silva admite, além do evitar do embaraço para a organização timorense, uma razão que está mais em linha com a descrição feita por Ramos-Horta.
« Sendo a adesão fortemente apoiada pelos países africanos de língua oficial portuguesa, pertencentes ao mesmo espaço regional que a Guiné Equatorial, a que se juntava o Brasil e Timor-Leste, um veto de Portugal poderia, no limite, pôr em causa a própria sobrevivência da CPLP», admite o Presidente da República para justificar a adesão de um país com um regime ditatorial que aprovou uma moratória sobre a pena de morte para negociar a entrada na CPLP.
"Poderia Portugal continuar a opor-se a admissão da GE e isolar-se perante os outros sete Países membros da CPLP?", questiona Ramos-Horta.