Maioria vai chumbar recomendações para reforçar o INEM

O PSD e o CDS-PP acusaram hoje a oposição parlamentar de alarmismo e rejeitaram que o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) esteja “numa situação de ruptura”, alegando que os meios humanos e materiais têm sido reforçados.

As posições das bancadas da maioria foram assumidas pelos deputados Paula Gonçalves (PSD) e Paulo Almeida (CDS), durante um debate no parlamento sobre quatro projectos de resolução de PS, PCP e BE que recomendam ao Governo a adopção de medidas para reforçar os meios humanos e assegurar a operacionalidade do INEM.

Numa intervenção no plenário, a deputada bloquista Helena Pinto afirmou que faltam actualmente 279 técnicos ao INEM e que a proposta do Governo "fica muito abaixo das necessidades".

"A situação que se mantém não pode continuar, é uma perfeita irresponsabilidade", considerou Helena Pinto, que disse haver muitos técnicos em situação "de extremo cansaço" e uma realização excessiva de turnos extraordinários.

No mesmo sentido, a deputada do PCP Carla Cruz advertiu que estes "problemas de carência" são apontados "pelas estruturas representativas dos trabalhadores" do INEM e "pelos conselhos de administração", referindo-se a declarações recentes do director do Hospital de Barcelos.

A comunista criticou ainda a decisão do Governo, "imposta em Abril de 2014", que "obriga todos os profissionais a prestarem emergência médica independentemente das suas escalas" nos hospitais.

Luísa Salgueiro, deputada do PS, afirmou que o INEM é "uma entidade reconhecida" que deve "funcionar normalmente" e não "ser notícia pelas piores razões", como a diminuição da operacionalidade ou a falta de recursos humanos.

A deputada do PS criticou ainda o actual director do INEM, motivo "de capa de jornal e sempre pelas piores razões", afirmando que o seu partido aguarda o resultado do inquérito para averiguar o alegado transporte de uma pessoa amiga de helicóptero.

A deputada do PSD Paula Gonçalves recusou em absoluto as críticas da oposição e considerou que estas propostas "vêm tarde", dizendo que ainda no passado mês de Fevereiro o INEM abriu concurso externo para recrutamento de 85 novos técnicos de ambulância de emergência em regime de trabalho por tempo indeterminado e foram autorizados em Janeiro 70 novos técnicos e operadores de telecomunicações.

A social-democrata referiu que "serão ainda recrutados mais 25 técnicos de emergência que atuam em ambiente pré-hospitalar".

"A satisfação das necessidades humanas é sempre um desígnio incompleto mas negar que os meios humanos do INEM têm sido reforçados é simplesmente ignorar a realidade", defendeu.

Já Paulo Almeida, do CDS-PP, acusou a oposição de "entrar em grandes demagogias" ao "falar em ruptura e extremo cansaço" de técnicos do INEM, que só "ajudam a parangonas nos jornais".

"Não é aconselhável fazer [isto] quando está em causa um dos organismos do Estado que lida todos os dias com a vida das pessoas", defendeu. 

Os projectos de resolução de PS, PCP e BE são votados em plenário na sexta-feira.

Lusa/SOL