Aos jornalistas, em Porto de Mós, no distrito de Leiria, à margem de uma sessão dos 40 anos/homenagem aos militantes do PSD, ao comentar as palavras de António Costa, que afirmou ser-lhe indiferente o avanço do militante socialista, Marcelo Rebelo de Sousa considerou que "o PS esteve mal na reacção à candidatura de Henrique Neto".
"Foi minha impressão, mas dir-se-ia que o secretário-geral do PS ficou nervoso, ficou irritado", declarou.
Para Marcelo Rebelo de Sousa, "é evidente que, provavelmente, isso escapou à sua previsão, ou não era exactamente o que queria ou é uma dispersão ou é um facto que constitui, do seu ponto de vista, ruído".
"Eu teria tido outra reacção, teria tido uma reacção de maior 'fair-play', dizer 'com certeza, isto faz parte em 35 anos. É uma pessoa já com uma experiência muito considerável, quer empresarial, quer política, porque é que não há de ser candidato? Muito bem, avance'", adiantou.
Marcelo Rebelo de Sousa disse ainda não ter ficado surpreendido com a candidatura de Henrique Neto.
"Era uma candidatura previsível ou, pelo menos, admissível. É uma pessoa que tem intervindo politicamente ao longo do tempo, sendo socialista é muito independente, é muito autónomo, e, portanto, era uma hipótese perfeitamente admissível", sustentou o também comentador televisivo, igualmente apontado como presidenciável à direita nas eleições de 2016.
À pergunta se o PS vai perder com esta candidatura, Marcelo Rebelo de Sousa respondeu que se está "tão longe das eleições presidenciais, ainda ninguém sabe quem é o candidato propriamente forte ou mais forte da área socialista", pelo que "é muito cedo para fazer previsões".
"Quando muito, o que podemos dizer é que, provavelmente há à partida muitos candidatos a candidatos ou candidatos mesmo, mas só se vai perceber isso depois das legislativas", referiu.
Sobre as declarações do vice-presidente do PSD Marco António Costa, que admitiu ao Observador que o partido tenha que tomar uma decisão sobre que candidato presidencial apoiar antes das eleições legislativas, Marcelo Rebelo de Sousa reafirmou que tem uma opinião contrária.
"O vice-presidente Marco António entende que tem que ser antes, eu acho que devia ser depois, mas é evidente que ele como é vice-presidente do partido, tem mais peso, no sentido de que a minha opinião é uma opinião de analista, de comentador, enquanto a opinião dele é a opinião de quem está na direcção do partido e considera que é bom", notou.
Para Marcelo Rebelo de Sousa, não é bom porque "um candidato que arranque a esta distância" – Maio, Junho, Julho — "fica acorrentado à campanha legislativa e, portanto, está por provar que vai dar mais votos ao partido ou à coligação e corre um risco muito grande, é o de, se o resultado nas legislativas não é bom, ser puxado para baixo em termos de presidenciais".
"Depois, já não dá para fazer um 'golpe de rins' e dizer que não teve nada a ver com a campanha legislativa. Mas se o partido acha isso bem, o partido é que sabe", acrescentou.
Lusa/SOL