Os avós do menor, que foram arrolados como testemunhas pelo Ministério Público (MP), também optaram por não prestar declarações.
Já a tia do arguido disse não encontrar razões para o que aconteceu, garantindo que as relações entre os avós e o neto "eram e continuam a ser boas".
Na mesma sessão foi ainda ouvido o dono do restaurante onde o jovem estava a estagiar, e a quem pertencerá a arma usada no crime, que disse ter dúvidas sobre a autoria do disparo.
"Penso que não foi ele que fez isto. Este menino que está aqui era um doce", afirmou a testemunha, adiantando que os clientes gostavam muito dele.
O arguido, que se encontra em prisão preventiva no estabelecimento prisional de Leiria, há quase um ano, está acusado de um crime de homicídio qualificado na forma tentada e outro de detenção de arma proibida.
O crime ocorreu no dia 21 de Junho de 2014, pouco depois da meia-noite, na residência onde o menor, de nacionalidade francesa, vivia com os avós em Pessegueiro do Vouga, no concelho de Sever do Vouga.
Segundo a acusação do MP, o arguido aproveitou a ausência do avô, que já se tinha ido deitar, pegou numa pistola, aproximou-se por trás da avó, que se encontrava sentada num sofá a ver televisão, na sala de estar, e disparou um tiro, a muito curta distância, atingindo-a na cabeça.
Os investigadores dizem que o arguido apenas não logrou matar a ofendida porque "o projéctil não atingiu uma zona vital, como era a sua intenção, e porque a munição encravou na arma quando quis efectuar o segundo disparo".
A acusação refere que o arguido agiu "de forma fria, metódica e organizada", tendo como objectivo "tirar a vida à sua avó paterna, indiferente aos laços de sangue que os unem, de estar confiado à mesma e da relação de afecto que esta tinha para consigo".
"Fê-lo sem ter qualquer motivo para tal e apenas pelo simples prazer de a matar", sublinha o MP.
O jovem, que frequentava um curso profissional de hotelaria, viveu a maior parte da sua vida em França, mas a partir de marco de 2012 veio para Portugal e passou a residir com os avós paternos que passaram a assumir as responsabilidades parentais do menor.
Segundo a investigação, não eram conhecidos conflitos entre os avós e o neto, sendo o relacionamento entre ambos caracterizado por "um bom ambiente, com carinho, respeito e educação entre todos"
Lusa/SOL