Trazido pelos espanhóis da América Latina

        

A origem do chocolate (feito com amêndoa torrada de cacau) remonta às civilizações pré-colombianas da América Central. E consta que foram os espanhóis, através da expedição de Hernán Cortés, o conquistador do México (1519-26), que no regresso a Espanha levou pela primeira vez o cacau.

Nas civilizações Maia e Asteca acreditava-se que este produto dava grande energia e era afrodisíaco. A nobreza, sobretudo, consumia-o com esses intuitos (antes de actividades sexuais, marchas civis ou militares), através de uma bebida fria e amarga, sem leite ou adoçantes, só com água, e que se revelou ser assim pouco apreciada pelos europeus.

Para entrar na dieta crioula, foi preciso acrescentar-lhe cana de açúcar, canela e anis. Cortés impôs a bebida já assim adaptada aos seus soldados, pois constatou que com uma chávena de chocolate conseguia fazê-los marchar um dia inteiro, sem precisarem de mais comida.

Depois das sementes trazidas em 1526 por Cortés, o primeiro carregamento comercial ocorreu em 1585 de Veracruz para Sevilha. Durante muitos anos, a bebida permaneceu um segredo espanhol. Apenas a aristocracia tinha ali acesso ao caro produto, até que foi finalmente introduzido na Itália em 1606 e, a partir daí, em França. Popularizou-se rapidamente, e as 'casas de chocolate' (no modelo das já na moda 'casas de café') espalharam-se por toda a Europa. Claro que o gosto europeu levou a adoçar o chocolate, e a misturá-lo com especiarias. Nos séculos XVII e XVIII o chocolate foi considerado tanto um alimento como um auxiliar da digestão.

O problema é que a terra e o clima europeus eram avessos à sua produção. O cacaueiro é uma planta nativa e milenar de uma região que vai do México, passando pela América Central, até à região tropical da América do Sul. Durante muito tempo, os espanhóis cultivaram cacau na América Central (e foram-no plantando cada vez mais para baixo), usando escravos africanos. Posteriormente, o seu cultivo estendeu-se a África. França, Inglaterra e Holanda chegaram mesmo a cultivar cacau nas suas colónias das Caraíbas – levando a uma descida de preços que popularizou a bebida em todo o mundo.

Com o desenvolvimento dos processos industriais e técnicas culinárias, surgiu o chocolate com leite e depois na forma de um sólido.

A primeira concessão de uma fábrica de chocolates documentada foi passada em 1659, em França, por Luís XIV a David Chaliou. Mas só no séc. XIX surgiram casas tão icónicas como a do francês Pierre Pelletier, a do suíço Henri Nestlé e a dos irmãos ingleses Cadbury.

Hoje as marcas são inúmeras, e em qualquer supermercado do mundo podemos vasculhar as ofertas. Há quem prefira o chocolate de leite, há quem tenha substituído as amêndoas da Páscoa por ovos de chocolate, e há quem procure chocolatarias boas e especiais (como lisboeta, agradeço muito a abertura das portuenses Arcádia, com os seus deliciosos chocolates, em Lisboa).

Mas, nas prateleiras dos supermercados, as tabletes de chocolate ostentam a sua composição, e sobretudo o grau de cacau que contêm. Muitos dos melhores chocolates de cozinha, para bolos ou molhos, são já marcas brancas de supermercados. Escolha decisiva para se fazerem maravilhas como o bolo Landeau, referido no texto abaixo.