A resposta da maioria à quase “Bíblia” económica do PS, e digo quase porque António Costa ciente das reacções e da impossibilidade prática de aplicação de muitas dessas medidas tratou logo de não se comprometer, apareceu num momento inesperado mas absolutamente pontual do ponto de vista daquilo que estará em jogo nas próximas eleições legislativas.
Já aqui havia escrito que, depois daquela tarde “apostólica”, as clivagens ideológicas entre PS e a maioria nunca tanto se fizeram sentir. E isso não é necessariamente mau, sobretudo se tivermos em conta que, durante largos anos, poucas eram as diferenças materiais de fundo entre estes três partidos. É por isto que considero que não existiria, porventura, melhor forma de expressar essas diferenças associando-as às comemorações da liberdade. Porque, no fundo, é disto que falaremos nos próximos meses. De liberdade.
É inegável a importância do 25 de Abril, e de quem o tornou possível, nas últimas 4 décadas da nossa história recente. A coragem dos capitães, de homens como Cunhal, Soares, Sá Carneiro e outros tantos, muitos deles desconhecidos, que naquele momento colocaram o futuro de Portugal, o nosso futuro, acima de tudo o que lhes era alcançável. A liberdade que nos deram e a sociedade que construíram partindo dela faz de nós aquilo que somos hoje.
Depois de 41 anos daquela histórica noite estamos, mais uma vez, a lutar pela liberdade. Não pela sua proibição mas sim pela dimensão de liberdade, de compromisso e de futuro que queremos usufruir. É isto que está em causa. A forma como queremos valorizar e alcançar a nossa liberdade que, infelizmente e a espaços, nos tem sido retirada por força de opções politicas que nos conduziram a três intervenções externas com duríssimas consequências para todos nós e para o ideal de liberdade de Abril de 74.
O caminho de PSD/CDS e do PS está bem definido. A batalha é ideológica, puramente ideológica e Portugal precisava disso. De clarificar as águas e de perceber muito bem os caminhos que lhe são oferecidos. A partir da semana que passou os políticos deixaram definitivamente de ser todos iguais. E isso é o melhor que se podia oferecer aos portugueses.