O discurso do dia, depois da subida da Avenida Almirante Reis rumo à Alameda, será de Arménio Carlos, mas Carvalho da Silva promete chamar até si a atenção de muitos sectores representados na iniciativa da central sindical, que liderou entre 1986 e 2011 (25 anos).
Segundo apurou o SOL, o professor universitário continua a ouvir vários sectores da sociedade para decidir se apresenta uma candidatura a Belém. O mesmo é dizer que Carvalho da Silva não está fora da corrida, mesmo que ainda não tenha tomado o seu lugar na pista.
À espera da esquerda
O avanço de Sampaio da Nóvoa, que deve ter o apoio do PS, e o ‘não’ do PCP ao agora ex-militante comunista Carvalho da Silva, estão na origem do adiamento do anúncio. A isto acresce o calendário eleitoral e a posição assumida pelos partidos que podem sair em apoio à sua candidatura: presidenciais só depois das legislativas de Setembro ou início de Outubro.
No BE, o apoio a Carvalho da Silva é tido como quase certo, se o ex-líder sindical avançar. Catarina Martins, porta-voz do partido, já avisou que as candidaturas a Belém são pessoais. Os bloquistas vão, pois, esperar que os candidatos se posicionem e só depois anunciarão o seu apoio.
Mas a eurodeputada Marisa Matias, dirigente do BE, já manifestou apreço público pela possível candidatura do ex-líder sindical, embora a discussão sobre o assunto não esteja (ainda) na agenda imediata dos bloquistas – que até têm previsto um referendo para decidir a questão presidencial. “Se Carvalho da Silva avançar, o mais provável é que nem seja preciso referendar internamente o apoio do BE nas presidenciais”, nota um dirigente do BE ouvido pelo SOL.
Também na plataforma Livre/Tempo de Avançar, o professor universitário deverá receber apoios. Segundo apurou o SOL, Daniel Oliveira e Ana Drago, ex-dirigentes bloquistas e dirigentes do Fórum Manifesto, podem apoiar o ex-sindicalista. Contactado pelo SOL, Daniel Oliveira é categórico: “Não me ouvirão falar sobre presidenciais até às legislativas. Só se alguma coisa de extraordinário acontecer antes”. O avanço de Carvalho da Silva pode antecipar uma reacção? “Só falarei sobre presidenciais depois das legislativas”, insiste.
Rui Tavares, pelo contrário, vê com bons olhos o avanço de Sampaio da Nóvoa. O fundador do Livre não descarta o apoio ao ex-reitor da Universidade de Lisboa. A divergência de opiniões dentro da candidatura Livre/Tempo de Avançar sobre o posicionamento nas presidenciais serão ultrapassadas com a realização de um referendo interno, cujo calendário está a ser estudado por uma equipa mandatada para organizar a consulta – muito provavelmente depois das legislativas, para evitar sobrepor calendários.
CGTP e UGT celebram com 300 km de distância
Na semana em que Sampaio da Nóvoa apresentou a sua candidatura a Belém, as pressões crescem para que Carvalho da Silva clarifique se entra na corrida presidencial. E o ex-líder sindical não se distancia da acção política, voltando a estar na maior celebração popular do país, que junta milhares de pessoas nos jardins da Alameda D. Afonso Henriques, entre sectores comunistas e sindicais que bem conhece. O 1.º de Maio poderá proporcionar-lhe – esperam muitos – um banho de multidão antes de um anúncio de candidatura, à semelhança do que aconteceu com Nóvoa no 25 de Abril.
Sem grandes surpresas, CGTP e UGT voltam a assinalar o Dia do Trabalhador em locais diferentes, desta feita com 300 km de distância. A UGT vai estar no Porto, no jardins do Palácio de Cristal, para onde está agendado um concerto com Quim Barreiros. Carlos Silva, líder da central sindical, intervirá depois.