O documento lançado pelo militante número um do PSD, no mês passado na Aula Magna, é mais concreto e ambicioso do que o texto que serve de guião ao programa eleitoral da coligação.
Um exemplo disso é a «reforma do sistema eleitoral» proposta por Francisco Pinto Balsemão, que deixa clara a intenção de encontrar uma fórmula que permita «uma maior aproximação entre eleitos e eleitores» – mesmo que não diga qual a solução. E que avança com a proposta de «introdução do voto electrónico».
Nas linhas orientadoras de Passos e Portas, há apenas o «empenho na modernização do sistema político», sem uma formulação clara sobre o caminho que pode ser seguido. Um cuidado compreensível dada a natureza nada consensual do tema entre PSD e CDS.
Também mais concretas são as medidas propostas por Francisco Pinto Balsemão para a natalidade. O ex-primeiro-ministro propõe «a empregabilidade a tempo parcial» e «apoios públicos no domínio da parentalidade». O texto apresentado esta quarta-feira é mais vago, limitando-se a falar na necessidade de «medidas adicionais» às que já foram postas em prática pelo Governo, como a reforma do IRS e o reforço do plano de vacinação. Sem especificar como, a coligação quer medidas «que removam os obstáculos à natalidade» e que «favoreçam a harmonização entre a vida profissional e a vida familiar». Apesar dos muitos pontos em comum entre os dois documentos – que dão prioridade a matérias como a natalidade, a demografia, a qualificação e a Segurança Social -, Balsemão é também mais ousado na quantificação de objectivos.
Na Educação, o antigo líder social-democrata aponta para uma taxa máxima de abandono escolar de 10% em 2020, quando Passos e Portas desenvolvem o tema da qualificação sem objectivos numéricos. Nas exportações, Balsemão quer «até ao final da década» chegar aos 50% do PIB. A coligação fala apenas no «reforço da nossa capacidade exportadora».
Em termos económicos, tanto Balsemão como Passos e Portas dão destaque à importância da economia verde e do mar – a chamada 'economia azul'. E em ambos os documentos reforça-se a ideia de que o crescimento deve ser alavancado pelo investimento privado, sublinhando as diferenças para o PS.