Privatização da TAP: António Costa prejudica os interesses de Portugal!

Conhecemos na última quinta-feira a decisão do Governo quanto ao futuro da TAP. A privatização da TAP é uma medida que já constava do programa do Governo de Passos Coelho e, portanto, é sempre de salutar o cumprimento das promessas feitas pelos políticos aos seus eleitores. Será esta uma privatização motivada por uma agenda ideológica…

1. Esta é uma privatização defendida pela coligação PSD/CDS e pelo…PS. Sim, é verdade: os socialistas assinaram por baixo a medida da alienação da maioria do capital da empresa de aviação portuguesa quando firmaram com a troika o memorando de entendimento, em contrapartida da assistência financeira. Então, o PS quando está no Governo, aflito para evitar que Portugal entrasse em colapso financeiro devido aos erros desastrosos da sua governação, é um defensor nato da transmissão do controlo da TAP para privados – mas quando está na oposição decide tirar da gaveta o manual do socialismo, das boas práticas do esquerdismo e revela-se invariavelmente contrário a tal venda? Mais uma vez, o PS não é um partido político confiável. O PS é uma coisa na oposição – o PS é outra coisa (completamente diferente!) no Governo.

2. Mais: o PS no Governo – liderado então por António Guterres, figura mais relevante entre os socialistas, depois de Mário Soares – defendia e até iniciou um processo de privatização da TAP que passava pela venda à companhia aérea suíça, Swissair! Como poderão os portugueses, atendendo a todos estes factos, acreditar no PS? Acreditar em António Costa? Como? Não dá. Acreditar no PS é uma tarefa impossível.

3. Pois bem, caro leitor, para não se desiludir, não dê importância, nem tão pouco se fie, nas declarações muito violentas de António Costa e seus rapazes contra a venda da TAP ao consórcio de David Neeleman e Humberto Pedrosa. É tudo fogo de vista. O PS tomaria a decisão de privatizar a TAP, com uma diferença: o PS venderia pior. O PS realizaria – sem qualquer dúvida – uma venda mais lesiva para os interesses da companhia e para Portugal.

4. Vem agora António Costa lançar suspeitas sobre a transparência do negócio, duvidando da competência e da veracidade da informação prestada pelo consórcio formado por David Neeleman e Humberto Pedrosa. Implicitamente, David Neeleman é qualificado como um capitalista sem escrúpulos, que não olha a meios para atingir os seus fins. Ora, tal é desconhecer o percurso de David como gestor de sucesso, apostando na inovação e na excelência empresarial. E é menorizar a sua experiência no sector da aviação.

5. As perguntas que os portugueses devem formular a António Costa são as seguintes: onde andava António Costa quando António Guterres queria vender a TAP? Onde andava António Costa quando José Sócrates e o seu economista-estrela Vítor Escária assinaram o memorando de entendimento concordando com a privatização da TAP?

6. Nós sabemos onde António Costa andava: primeiro, com Guterres, era membro do Governo e pessoa muito próxima de António Guterres; no segundo caso, no Governo José Sócrates, António Costa era o braço-direito de José Sócrates, seu conselheiro e número dois no partido, para além de defender fanaticamente José Sócrates nos seus comentários na “Quadratura do Círculo”. Logo, temos de nos questionar: que autoridade moral tem António Costa para criticar a decisão do Governo Passos Coelho? Nenhuma, pois Costa já defendeu o mesmo – e faria exactamente o mesmo caso fosse Primeiro-Ministro!

7. Por outro lado, António Costa tem de explicar aos portugueses qual seria a sua alternativa (a existir!) para resolver os vários problemas com que se confronta a TAP. A TAP tem uma dívida colossal, perde sucessivamente capacidade competitiva face às suas congéneres estrangeiras, tem um sindicato que se empenha loucamente para destruir a reputação da empresa, as críticas dos clientes da TAP aos serviços que lhes são prestados são cada vez mais numerosas, o que conduz a um dano reputacional da empresa – e, ainda assim, o Governo conseguiu alienar parte da empresa e lucrar 10 milhões de euros! António Costa faria melhor?

8. Alienar a TAP a um empresário de grande visão, com experiência, que vai aumentar a presença da TAP nos mercados brasileiro e norte-americano (duas das prioridades máximas da política externa portuguesa) e a um empresário português de sucesso, conseguindo que os contribuintes portugueses não perdessem dinheiro e ainda lucrassem 10 milhões com uma empresa que, segundo as avaliações mais isentas, nem 1 euro vale (dado o seu brutal passivo) – é pouco, uma vergonha ou um negócio ruinoso como diz o PS? Estão a brincar! O que é então um bom negócio para o PS de António Costa? Aqueles celebrados pela Parque Escolar, aquelas parcerias público-privadas da era João Cravinho que nos asfixiou por vários anos?

9. A reacção do PS à venda da TAP foi lastimável. António Costa foi um desastre – e na Assembleia da República, Rui Paulo Figueiredo, deputado do PS, tornou um assunto tão sério como é a venda da TAP numa anedota. Nós temos muita amizade por Rui Paulo Figueiredo, homem muito sensato e inteligente – mas que, como todos nós, comete, e vez em quando, tolices. E a comparação que Rui Paulo Figueiredo estabeleceu entre a venda da TAP e a contratação de Jorge Jesus foi isso mesmo: uma tolice. Uma tolice qualificada se pensarmos que Rui Paulo Figueiredo não está muito confortável em criticar este Governo ou Bruno de Carvalho: Paulo Figueiredo foi assessor de José Sócrates durante vários anos e foi vice-Presidente do Sporting na presidência de Godinho Lopes! Portanto, com muita amizade e estima que o Rui Paulo sabe que temos por ele, não é um passado particularmente luminoso. Diríamos mesmo que é um passado muito azarento. Enfim, o PS não acerta uma!

10. Uma conclusão os portugueses podem já retirar: António Costa não tem perfil, nem estatuto, para ser Primeiro-Ministro de Portugal. Falta a António Costa sentido de Estado. E isso não se compra, nem, ao contrário do poder pelo poder, se obtém provocando eleições primárias antecipadas. A reacção do socialista à venda da TAP dissipa qualquer dúvida ou esperança que se pudesse ter em relação a Costa.

11. De facto, Portugal precisa de investimento estrangeiro para aumentar a competitividade da sua economia e se tornar um país com mais oportunidades para todos. Será um bom incentivo para os investidores ouvir alguém que quer ser Primeiro-Ministro insinuar a falta de boa-fé, de competência e de seriedade (por recorrer a expedientes menos conformes à lei) de um investidor (credível e respeitado lá fora) que quer adquirir, juntamente com um empresário português aparentemente até próximo do PS, uma empresa portuguesa? Uma empresa portuguesa que, caso nada se fizer, poderá converter-se numa bomba explosiva para os bolsos dos portugueses? Claro que se fôssemos investidores, pensaríamos muitas vezes antes de investir num país com políticos como António Costa!

12. Não é novidade, nem é original: o PS presta mais um péssimo serviço a Portugal – e põe em causa o interesse superior da nossa Pátria e de todos nós, cidadãos e contribuintes. 

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