2. Para nós, a preferência da maioria dos portugueses pela coligação composta pelo PSD e CDS é um facto político natural e previsível. Natural, pois, ao contrário do que era a opinião largamente maioritária em Portugal, nós sempre afirmámos que António Costa é uma fraude política: a propaganda que merecia em muitos órgãos de comunicação social era inversamente proporcional aos seus méritos e talentos políticos. Quando todos propalavam a ideia de que a liderança do PS teria de ser substituída à força, chamando o Dom Sebastião António Costa – nós afirmámos que seria um erro para o PS, num momento em que António José Seguro estava a consolidar a sua liderança.
3. E este é, efectivamente, o “pecado original” de António Costa. Já ouvimos várias explicações para a queda brutal do PS de Costa nas sondagens e na confiança dos portugueses, como a prisão de José Sócrates ou a falta de traquejo político de Ferro Rodrigues: são, no entanto, justificações superficiais e sintomas da doença do PS -e não a causa da doença. A causa da doença é a história política recentíssima de António Costa e o seu percurso para chegar à liderança socialista.
4. Como os portugueses não esquecem – e muito bem! -, António Costa teve várias oportunidades para se candidatar à liderança do PS e não o fez. Justificação? Teria de honrar os compromissos assumidos pelos lisboetas e que a sua ambição não passava por aí. Hoje sabemos que estas justificações eram apenas…balelas. Música para português ouvir. A verdadeira razão é que António Costa entre 2011 e 2014 (período muito complicado para a oposição, em que tinha um espaço de actuação muito limitado) não queria assumir-se como oposição a Passos Coelho: o Governo PS de Sócrates tinha acabado de levar Portugal à pré-bancarrota e Costa assumia-se como braço-direito de José Sócrates.
5. Portanto, Costa sabia que teria de conter os seus impulsos de ambição pelo poder até a um período próximo das legislativas seguintes (as próximas, a realizarem-se em Outubro), julgando que, por esta altura, os portugueses já se teriam esquecido da herança socialista. Até lá, Costa e os seus apoiantes (sampaístas, mário-soaristas e sobretudo socráticos) deixavam António José Seguro na liderança do partido, com poucas críticas e apupos até ao golpe fatal. O pretexto para o golpe fatal foi o resultado do PS nas últimas europeias: resultado esse que, comparado com as sondagens do PS de António Costa, foi absolutamente genial.
6. Ora, António Costa é, pois, visto pelos portugueses como um oportunista. Como um político que domina a pequena intriga política, os joguinhos de bastidores, sedento de poder – mas sem conteúdo político, com pouca ou nenhuma preparação quanto aos dossiês mais prementes para o futuro de Portugal.
7. Ora, em momentos tão instáveis, os portugueses pensam no passado, remoto e recente, de António Costa e perguntam de si para si mesmos: “como podemos em tempos tão instáveis, confiar num político tão instável como Costa? Num tacticista puro, cujas ideias políticas não conhecemos – descontando as tiradas propagandísticas ou slogans publicitários?”.
8. Para além de tudo isto, António Costa – azar dos Távoras! – não previu que a realidade viesse a dar razão ao discurso de…António José Seguro e de Passos Coelho! António José Seguro avançou propostas concretas que vieram a ser acolhidas, com prudência e sensatez, por Passos Coelho e…acolhidas pelos nossos parceiros europeus.
9. Ou seja: António Costa é um homem desencontrado da História. António Costa foi desmentido pelos factos. Haverá maior erro político do que ser vítima da sua própria estratégia? Não. E os portugueses são muito sensatos: jamais confiariam o seu Governo a alguém como António Costa…