Deve ser este o registo principal em relação aos dados do INE. A confirmação da tendência de redução do desemprego. É certo que para além dos cerca de 635 mil trabalhadores inscritos no IEFP, existem cerca de 128 mil saídas liquidas do país (cerca de 32 mil por ano) e outras tantas que deixaram de estar inscritas nos centros de emprego. Mas as contas do desemprego sempre foram feitas da mesma forma e os números apresentados pelo INE (instituto absolutamente independente e que nunca foi posto em causa pela oposição ao longo destes 4 últimos anos) são de cálculo semelhante a todos os dados apresentados desde sempre. Em todos os governos. PS e PSD/CDS.
As regras são o que são. E paralelamente a elas existe uma realidade, impossível de ser ignorada, mas que nunca contou para efeitos estatísticos.
A tendência é por isso positiva. E Portugal hoje tem um número de desempregados inferior àquele registado no segundo trimestre de 2011, o ultimo de José Sócrates como Primeiro-Ministro. Cerca de 38 mil desempregados a menos.
Há hoje, segundo o INE, mais 103 mil portugueses com emprego face ao trimestre anterior e mais 66 mil face ao mesmo período do ano anterior. Menos 92 mil desempregados em relação a março e menos 108 mil face ao mês homólogo de 2014.
Como já referi as regras são o que são. E nós convivemos com elas há muitos anos. Aliás o socialista e líder da UGT, Carlos Silva, congratulando-se com a descida do desemprego divulgada pelo INE afirma isso mesmo: “Temos consciência disso, mas no dia em que se quiserem esgrimir os números do Instituto Nacional de Estatística (INE) e do IEFP então alteram-se as regras do jogo e passam a contar todos".
É óbvio que falar de desemprego não pode deixar ninguém com regozijo. Perder o emprego é quase como perder a dignidade e as análises dos partidos devem sempre ser cautelosas. O que se exige aos políticos e aos partidos é saber quais as propostas e quais as medidas que pretendem levar por diante. É aí que entra a política.
O PS, que se propõe a governar, anda a cometer um erro político não tão pequeno assim. Tem enveredado por um discurso de catástrofe afirmando recorrentemente que o país está tão mau como no pico da crise em 2013.
Ora o INE desmente o PS. Em 2103 existiam cerca de 926 mil desempregados, com muitas emigrações já em marcha, hoje são pouco mais de 600 mil. Como já referi esta redução não é toda ela real mas torna-se cada vez mais difícil negar o nexo de causalidade entre a redução do desemprego e a tendência de crescimento económico que também se tem verificado desde 2014, mas também com o aumento da atividade empresarial evidente nos dados que são públicos.
Mais, o argumento do PS em relação à divulgação do INE é surpreendente. Diz o PS que o Governo está a colocar desempregados em ocupações de uma semana para estes desaparecerem das estatísticas. Não é verdade vistas as estatísticas do INE, onde esse tipo de ocupação teria de se reflectir na evolução da rubrica “subemprego de trabalhadores a tempo parcial”. O relatório o que diz é que, no 2º trimestre de 2015, houve menos trabalhadores nessa rubrica do que no trimestre homólogo de 2014. 242,8 mil contra 252,2 mil nessa altura. Pelo que o PS está enganado e essa diminuição é real.
Outro argumento do PS é o dos estágios. Diz o PS que há menos desemprego porque o Estado anda a subsidiar empregos privados, avançando que são 70 mil os estágios. Ora não é verdade. Mais uma vez. Os números do INE são claros e apontam para exatamente metade do valor dos estágios avançados pelo PS.
Assim como a questão da sazonalidade que não entra nestas estatísticas do INE.
O PS tem uma estratégia bem definida. Brincar com os números e com as estatísticas para esconder uma evidência. Afinal o que impede o PS de nos apresentar as suas políticas de emprego?
* deputado do PSD