A coligação Portugal à Frente (PàF) diz que quer potenciar ao máximo Paulo Portas na campanha. E, ao contrário do que se previa, Passos Coelho e Portas vão ter duas voltas em separado na corrida para as legislativas de 4 de Outubro.
«O PSD e o CDS continuam a existir, e a prova é que vão fazer campanhas distintas. Passos não vai andar colado a Portas, como este não vai andar colado a Passos. Hão-se aparecer juntos numa outra ocasião, mas só isso», revelou ao SOL fonte próxima de Passos Coelho.
Ainda não está definido o programa em relação aos lugares e circunstâncias em que os líderes do PSD e do CDS aparecerão lado a lado. Mas a informação avançada pela estrutura responsável pela coordenação da campanha é a de que «estarão juntos sempre que possível nos grandes momentos da campanha», como por exemplo nos principais comícios ou jantares-comício.
A ideia, ao que o SOL apurou, é ter «duas agendas (de Passos e Portas) que sejam complementares e não conflituantes», segundo fonte da direcção do PSD. A mesma fonte justifica que o objectivo é potenciar o facto de se tratar de dois líderes que representam grandes activos, e por esse motivo, não querem sobrepô-los em iniciativas.
«Não vão andar os dois de braço-dado», reforça a mesma fonte.
Portas vai aos distritos mais difíceis
Uma das apostas passa por colocar Paulo Portas no terreno sobretudo «nos distritos mais competitivos». E será bastante provável que a agenda do líder do CDS fique marcada por várias iniciativas em que os temas são mais caros aos centristas, como sejam encontros com agricultores, com IPSS´s, pensionistas, entre outros.
E com Portas fora dos debates e dos frente-a-frente também será ao líder do CDS que caberá marcar a agenda. Nos dias em que Passos Coelho estará obrigatoriamente mais recolhido para se preparar para os confrontos – como o debate nas televisões a 22 de Setembro e os frente-a-frente com Costa, nas televisões a 9 de Setembro e nas rádios a 17 -, a campanha estará centrada em Portas.
Informação de estratégia só num núcleo muito restrito
Para já, a estratégia e organização da campanha ainda não estão completamente fechadas entre Passos e Portas, ao que o SOL apurou junto de fonte próxima do líder do PSD. E apenas um núcleo muito restrito está a par desta ideia das duas voltas complementares dos dois líderes – aos próprios Passos e Portas juntam-se apenas o social-democrata Marco António Costa e o centrista Pedro Mota Soares.
Para todos os que estão fora deste núcleo duro, mesmo nas direcções do PSD e do CDS, as instruções dadas sobre a mensagem a passar são as de que «os dois líderes estarão tendencialmente juntos» na campanha.Para que tudo corra bem há, no entanto, que afinar diariamente, o discurso entre Passos e Portas por forma a evitar quaisquer dissonâncias. E já está prevista uma conversa entre os dois líderes logo cedo pela manhã para definir quem fará a declaração que terá lugar todos os dias ao final da manhã.
Na máquina da coligação PàF há entretanto a noção de que será impossível prever todas as dificuldades de uma duplicação de estruturas. Um dos riscos é o de Portas poder ficar «sem imprensa», por falta de meios da comunicação social para seguir duas caravanas, ou pela preferência dada a Passos, o primeiro nome da coligação.Há depois o enquadramento partidário. Nos distritos em que o CDS é mais fraco, poderá ser difícil equilibrar os apoiantes. E deslocar sociais-democratas para acompanhar Portas revela-se um desafio.
Conclave antes do Pontal
Para afinar estratégias, haverá já no dia 15 um conclave da máquina de campanha, com todos os cabeças-de-lista, presidentes de distritais dos dois partidos e ainda os responsáveis da campanha. A ideia é articular a mensagem e a estratégia entre os dois partidos da coligação aos mais variados níveis e dar uma espécie de tiro de partida para a campanha. Esta «reunião de retiro», como há quem lhe chame internamente, vai decorrer em Quarteira, no dia 15, antes da Festa do Pontal, que este ano não tem esse nome, por ser oficialmente a festa de rentrée da coligação, e juntar PSD e CDS.
* com Manuel Agostinho Magalhães