Sob o título "Apoiarei Maria de Belém", num artigo no Diário de Notícias, Manuel Alegre começa por afirmar que não era sua intenção pronunciar-se sobre as presidenciais antes das legislativas de 04 de outubro, as quais reconhece serem, "para os socialistas, a prioridade das prioridades".
"Mas algumas afirmações feitas ultimamente sobre a pessoa de Maria de Belém obrigam-me a tomar posição", justifica, referindo que a candidatura presidencial é um direito que assiste à ex-presidente do PS.
"Merece respeito e não pode ser posto em causa por considerações táticas, interpretações sectárias e inaceitáveis ataques de caráter", frisa.
Para Manuel Alegre, as candidaturas presidenciais são "o espaço da cidadania", que tanto existe dentro como fora dos partidos.
"Ninguém tem o exclusivo da cidadania. Ser membro de um partido não constitui uma menoridade cívica, como ser independente não confere a ninguém um estatuto de superioridade sobre quem assume a sua filiação partidária", destaca.
Nesse sentido, afirma que "não há proprietários da esquerda nem monopólio de candidaturas".
"Maria de Belém, ao contrário do que alguns disseram, não divide, não fratura nem é redutora", considera Manuel Alegre, que teve a antiga ministra da Saúde como mandatária nacional na sua candidatura presidencial de 2011.
Para Alegre, a candidatura de Belém "tem condições para unir, alargar e mobilizar aqueles que, dentro e fora do PS, na sociedade civil e em diversificados setores da vida pública, desejam a mudança, um presidente que respeite a Constituição e seja, de facto, o presidente de todos os portugueses".
Alegre recusa que o PS e a esquerda "se resignem a perder a eleição presidencial", depois de quatro anos de "uma maioria, um governo e um presidente", que "mostram que, se é fundamental ganhar as legislativas, seria um erro imperdoável menosprezar a importância decisiva das eleições presidenciais".
"A candidatura de Maria de Belém é, em si mesma, um ato de coragem cívica, essencial a qualquer combate político. Partindo da esquerda socialista, terá a abrangência e transversalidade indispensáveis a uma candidatura vencedora" afirma.
Considerando Maria de Belém como "uma falsa frágil", Manuel Alegre conclui que essa é a força da candidata, porque "tem condições para derrotar qualquer candidato de direita".
Em comunicado enviado à Lusa, Maria de Belém anunciou na segunda-feira que informou o secretário-geral do PS, António Costa, de que vai candidatar-se à Presidência da República.
"Apresentarei publicamente a minha candidatura após as eleições legislativas de 04 de outubro", disse Maria de Belém.
Na mesma nota, Maria de Belém reconhece que a prioridade para PS, "neste momento, são as eleições legislativas", mas justifica o seu anúncio "para evitar especulações" e pelo respeito que lhe merecem as pessoas que lhe têm manifestado o seu apoio.
Numa reação ao anúncio de Maria de Belém, o secretário-geral do PS manteve a reserva sobre o apoio a um candidato à Presidência da República para depois das eleições legislativas.
"Será discutido no momento próprio. Cada coisa tem o seu momento próprio. Nem sabemos sequer o universo total de pessoas que se vão candidatar. Se tivéssemos tomado essa decisão há dois meses atrás, não poderíamos contar com Maria de Belém, que, pelos vistos, anunciou agora", afirmou António Costa na SIC Notícias.
Lusa/SOL