Sempre acompanhado pelo presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, Costa mostrou os terraços do Carmo, ponto de partida deste dia de campanha, o Museu do Aljube, os elevadores do Castelo de São Jorge/Baixa e de Santa Luzia e o Jardim da Cerca da Graça. Tudo obras já inauguradas por Medina, excepto o elevador de São Jorge, que desemboca no Largo do Caldas, sede do CDS. Uma possível coligação com os centristas, caso o PS não tenha maioria absoluta nas eleições, não vem ao caso e Costa segue rua acima.
"Viste isto tudo feito?", perguntou Medina, no Jardim da Cerca, a última paragem. "Senhor presidente muitos parabéns! Grande trabalho", respondeu Costa. "A placa está lá em cima", disse Medina, rindo-se. A placa com o nome de Costa, agora cabeça-de-lista do PS por Lisboa e candidato a primeiro-ministro nas legislativas de 4 de Outubro.
O líder do PS acena com “a diferença que também fica no currículo” que é a obra feita, lembrando que também diminuiu a dívida na autarquia e os impostos para os lisboetas, para fazer o contraste com o Governo que tem "o país mal gerido". "Este é o debate que me importa. O que nós fizemos e eles fazem. O que vamos fazer e o que eles deixaram por fazer", afirmou Costa.
Paragem obrigatória para foto no painel de Amália Rodrigues em calçada portuguesa, feito pelo street artist Vhils, em Alfama, onde uma residente desabafou: “Andamos aqui a chatear-nos todos os dias porque só querem vir para aqui andar de skate”. Já na Mouraria, um senhor queixou-se da recolha do lixo, apontando parados dois caixotes do lixo a transbordar e para Costa. “Ele agora está inocente. O culpado sou eu”, interveio Medina.
Já passava das 19h00 quando Costa e a entourage socialista chegaram ao Largo da Severa onde se preparava uma sardinhada seguida de um pequeno comício, ainda sem as tradicionais bandeiras. O líder do PS voltou a enumerar a obra feita na capital e comentou que hoje foi “um dos melhores dias nos últimos cinco meses”. “Tive a oportunidade de fazer algo que fiz todos os dias nos últimos oito anos que foi andar pela rua a falar com as pessoas”, afirmou. Mas pelas ruas por onde passou, com mais turistas que locais, foi pouco o contacto directo com a população.
Costa anunciou mil milhões de euros para um programa de reabilitação urbana, que já constava do programa socialista mas ainda sem orçamento, e prometeu a descentralização do poder para as Câmaras do policiamento de trânsito e da gestão dos transportes públicos.
Num discurso que fez o contraste entre a “alternativa de confiança” do PS e a “continuação da austeridade” do Governo, Costa deixou o tom do que será o discurso na campanha: bipolarização. “Ou escolhem o PS ou a coligação de direita”, disse.
Antes, Fernando Medina tinha admitido que será uma “batalha muito dura” e pediu aos militantes socialistas para “cara a cara, olhos nos olhos” falarem com os amigos, familiares e conhecidos.
Foram vários os socialistas que estiveram ao lado de Costa durante o dia como o líder parlamentar Ferro Rodrigues, a eurodeputada Maria João Rodrigues, os deputados Jorge Lacão e Marcos Perestrello e a responsável pelo Acção Socialista Edite Estrela, bem como os vereadores José Sá Fernandes e Graça Fonseca e personalidades ligadas às artes e espectáculo como a actriz Maria do Céu Guerra e o apresentador Eládio Clímaco.
O pequeno comício começou com fadistas e terminou também com fado. “O fado não é uma canção de tristeza, de gente resignada. É uma canção de um povo sofrido que chora com amargura mas com muita coragem, que não vira a cara à luta, dá o corpo ao manifesto e acredita no futuro”, concluiu António Costa. No final, um homem que desde o início tinha andado a distribuir panfletos contra o aumento do IMI aproxima-se do púlpito e lança alguns papéis. O homem acabou por ser afastado e alguns socialistas protestaram gerando-se um momento de tensão, mesmo no final do primeiro dia em registo de campanha.