Partiram, sem dúvida com sofrimento e ansiedade. Quando se emigra, o que custa mais são os primeiros seis meses, de adaptação a hábitos que são diferentes dos do país de origem: é o chamado “choque cultural”. Mas regressar ao país de origem pode custar ainda mais, pois o emigrante pode ter adquirido hábitos no país de origem que não são a regra em Portugal como, por exemplo, a pontualidade. A isto chama-se, numa tradução minha, o “choque cultural inverso”.
É de facto a geração mais qualificada que Portugal tem, e sua saída só é parcialmente compensada pela nossa atractividade para profissionais dos PALOP ou da América Latina. Além disso, emigraram em idade fértil, num país onde, em 2014, e segundo o INE, houve mais 22.000 falecimentos do que nascimentos. A prazo, esta tendência, a manter-se, “rebentará” com a segurança social.
Bem pode pois António Costa fazer apelos ao regresso, só lhe fica bem. Mas não se iludam: eles não voltam. Por isso é que se torna necessário acolher imigrantes dos PALOP e da América Latina, bem como desta nova vaga de refugiados. E dar-lhes as condições que os naturais desta terra não tiveram. Se não, eles rapidamente emigrarão.