"Quem entendeu fazer a divulgação desta carta nesta altura pensando que me podia causar um grande embaraço, causou foi um grande embaraço líder do PS", afirmou Pedro Passos Coelho aos jornalistas à chegada a uma conferência sobre economia social para apoiantes da coligação Portugal à Frente (PSD/CDS-PP), que decorre em Cascais.
O também primeiro-ministro reagia à divulgação de uma carta sua, hoje, pelo jornal Público, escrita em 2011, enquanto líder da oposição, ao então primeiro-ministro José Sócrates, em que Passos diz que, se o governo da época considerar necessário, não deixará de apoiar o recurso a mecanismos financeiros externos.
"Vir agora recordar, passados quatro anos, que a casa estava arder, que estávamos na iminência de poder não ter dinheiro no multibanco e o governo poder não ter dinheiro para pagar salários e pensões e que o líder do principal partido da oposição, que eu era na altura, se comprometeu a ajudar o governo a pedir a ajuda que fosse necessária para poder enfrentar uma crise de uma proporção gigantesca, como foi aquela que nós recebemos, só pode ver hoje o tiro sair-lhe pela culatra e achar que me embaraça a mim", afirmou Passos Coelho.
O líder social-democrata rejeitou que o tema da ajuda externa seja usado como "arma de arremesso em campanha eleitoral", transformando "um ato de responsabilidade" seu e do PSD numa "responsabilização que cabe ao governo de então" pelo pedido de ajuda.
Para Passos Coelho, a carta lembra "o tempo dramático que o país viveu" e que hoje já não se verifica e o "gesto de responsabilidade que se exigia ao líder do maior partido da oposição" para que o executivo de José Sócrates "se sentisse apoiado em alguma decisão que tivesse de tomar para salvaguardar os interesses dos portugueses".
"Aquilo que nessa carta disponibilizei foi apoio para que o Governo fizesse aquilo que achasse que devia fazer, porque só o governo tinha condições para avaliar o exato grau de dificuldade que enfrentava", disse.
"Limitei-me a recordar que quer os bancos portugueses, quer o sistema internacional tinham alertado para o grande risco de Portugal cessar pagamentos e não ter dinheiro sequer para fazer valer as suas responsabilidades", frisou.
Passos Coelho sublinhou que o governo de então negociou a ajuda externa e ele próprio, enquanto líder da oposição, assinou uma carta, que foi tornada pública, a comprometer-se a cumprir, caso ganhasse as eleições, o programa de ajuda.
"Esse programa de ajuda nem sequer teria chegado a Portugal se a oposição na altura não se tivesse comprometido a executar esse programa", declarou, reiterando que foi o atual Governo que "dispensou a 'troika'".
Lusa/SOL