Era um grupo pequeno de manifestantes que esperava a comitiva da coligação. Foram convencidos a ficar em silêncio em troca de ser recebidos.
Com a sessão já a decorrer, uma das lesadas do papel comercial do BES já não controlava as lágrimas. Ela e os pais perderam 50 mil euros, vivem agora com pensões baixas.
A perspetiva de não ser ouvida por Passos e Portas descontrolou-a num pranto.
A situação foi gerida com pinças com os assessores da coligação a garantir que um grupo de representantes dos lesados seria recebido.
Um dos escolhidos pelos manifestantes tem quase 80 anos. "São estas as pessoas que Passos quer mandar para os tribunais", atira um membro do grupo.
Querem que Passos e Portas vejam os idosos e percebam que "são estes os investidores sofisticados que assinaram de dedo" e não têm agora tempo para esperar pelas decisões da Justiça.
A indignação é muita, mas o grupo procura controlar-se. Quando um se exalta, logo outros tentam acalmá-lo para não perderem a hipótese de uma audiência onde querem expor os seus casos.
Do lado da comitiva da coligação também há contenção.
A palavra de ordem para estes 15 dias de campanha oficial é "evitar erros" e ninguém quer arriscar ter novamente Passos a fazer declarações desastradas em frente às câmaras, como aconteceu em Braga, ou Portas a ter quase de fugir de manifestantes, como aconteceu em Ofir.
À saída da sessão, houve tempo para Passos falar com os representantes dos lesados, mas não para o primeiro-ministro explicar o que lhes disse.
Depois de a comitiva arrancar para a Lourinhã, a rua em frente aos bombeiros do Cadaval transformou-se em fórum de debate entre lesados e apoiantes da coligação.
"Para vocês terem o vosso dinheiro, temos de pagar todos. Têm de pagar os contribuintes", defendia uma senhora.
"Isso é uma história que vos venderam. O dinheiro está numa provisão. É preciso é o Governo dar ordem ao Banco de Portugal e à CMVM para ir lá buscá-lo", argumentando um manifestante que garantia a outro militante da coligação que "não há aqui agiotas, eram juros de 3,7%".
Notícia atualizada às 18h26