Com uma manhã mais uma vez longe das ruas, mas desta vez com Nuno Melo ao lado em vez de Paulo Portas, Passos recupera o assunto das pensões para pedir novamente explicações a António Costa.
Passaram cinco dias sobre o debate que Passos ganhou graças à falta de resposta de Costa sobre um corte de 1.020 milhões previsto pelo programa do PS nas pensões não contributivas. E hoje o líder da coligação recupera a pergunta.
"Continuamos a não ter um esclarecimento do líder da oposição quanto à forma como está a querer a introdução da condição de recurso nas contribuições solidárias", lembra, dizendo que além de não ter percebido como quer Costa cortar 1.020 milhões, também ainda não entendeu como poderão os socialistas cortar 1.660 milhões de euros em quatro anos "congelando pensões".
"Ora, as pensões estão congeladas. Descongelámos apenas as pensões mínimas, as sociais e as rurais, que são as mais baixas das mais baixas", argumenta Passos.
Quando um jornalista lhe lembra a falta de esclarecimentos da coligação sobre os 600 milhões de euros de poupança na Segurança Social prometidas a Bruxelas, Passos reage com um "não queira comparar".
"Não estamos a propor uma redução de pensões e o PS está", frisa o primeiro-ministro, que acaba porém por insistir em não determinar o valor a partir do qual se aplicará o plafonamento que propõe a PàF no seu programa.
Plafonamento é para ‘pensões milionárias’
Isso, diz Passos, é matéria para a concertação social.
Depois de muita insistência Passos Coelho admite estar a pensar apenas em "pensões milionárias". O primeiro-ministro garante que a pensão média está em valores "que rondam os 900 euros" e assegura que tem em mente reformas que "três vezes isso, quatro vezes isso".
Pelo meio, Passos elogia até uma ideia do PS quando propõe diversificar as fontes de financiamento da Segurança Social através de taxas mais elevadas para empresas que são "capital intensivas" e, tendo menos trabalhadores, geram receitas avultadas.
Tudo serve para Passos se apresentar como moderado e disponível para o diálogo, em contraponto com um António Costa radical que apresentou uma "promessa de instabilidade" quando anunciou não estar disponível para aprovar um orçamento da coligação.