Jerónimo de Sousa avisa que este “não é tempo de parar”

Militante do PCP “desde sempre”, Maria Augusta, 75 anos, ouviu hoje o apelo do secretário-geral do partido e vai bater-se por fazer ver aos que “dizem tão mal” que, na altura do voto, “é só mudar a cruz”.

"Diga lá se conhece outra organização como esta", disse à Lusa, ainda de touca e avental branco, na azáfama de servir o "cozido do Couço" que, com outras 11 mulheres, preparou para o almoço, na Casa do Povo, que marcou o arranque da campanha de hoje da CDU pelo distrito de Santarém, na freguesia do concelho de Coruche que deu ao partido, nas últimas legislativas, 51,7% dos votos.

Jerónimo de Sousa declarou-se "em casa" ao estar na "terra da liberdade" (o Couço foi feito membro honorário da Ordem da Liberdade em 2000) e da luta antifascista — foi a luta das mulheres do Couço que conquistou as oito horas de trabalho na agricultura em maio de 1962 — e destacou o papel das "mulheres do Couço, não só no almoço, mas sempre e sempre nos momentos mais negros da luta" do partido.

"Este partido é que determinou a realidade política e social nesta terra", disse Jerónimo de Sousa, num discurso em que sublinhou as "raízes fundas" de um partido que "esteve sempre do lado certo, do lado dos mais fracos, dos que mais sofrem, dos que trabalham e querem uma vida melhor".

Para o secretário-geral do PCP, a certeza da vitória no Couço não deve, contudo, contentar militantes que "passaram tanto na vida": "votar não basta, ganhem lá mais um amigo, ganhem mais um companheiro, mais um familiar, não se confortem nem descansem a consciência por dia 04 estarem a votar na CDU", pois "não estão em tempo de parar".

Afirmando que este é "um tempo de avaliação" sobre o que cada um fez, Jerónimo de Sousa afirmou que a CDU tem um "orgulho imenso" por ter "cumprido a palavra dada" e alertou para uma batalha que contém "muita armadilha, muita mentirola", com o PS a querer por "o conta-quilómetros a zero" e a coligação PSD/CDS-PP a querer convencer os portugueses de "que o pior já passou".

O secretário-geral do PCP pediu a derrota da coligação "que tanto mal fez ao povo e ao país" e acusou o Partido Socialista de ter tido "responsabilidades diretas nesta situação" ao ter aceitado um "programa brutal" com a "'troika' estrangeira" em que tudo estava previsto, "com metas, objetivos, tudo escrito e o PS assinou de cruz com o PSD e o CDS-PP.

Do Couço, a caravana da CDU partiu para o Entroncamento, onde estará em contacto com a população, culminando o dia com um comício no Centro Cultural de Samora Correia, no concelho de Benavente.

Lusa/SOL