Costa assume ‘enorme défice’ de 2011. E atira-se aos submarinos e BPN

António Costa não tem falado do anterior governo socialista, mas assumiu o “enorme défice” deixado por José Sócrates em 2011. E aproveitou a onda ganha com aquela que foi a melhor notícia do dia para o PS para pedir uma “vitória esmagadora”. ​

Foi a derrapagem no défice de 4,5% para 7,2% em 2014 devido ao cancelamento da venda do Novo Banco que levou Costa a lembrar o último Governo socialista, por entre ataques à coligação. “Ficámos a saber que para além de não terem posto a economia a crescer, reduzido a dívida, falharam outro objectivo. O défice de 2014, tudo visto, é igual ao enorme défice que receberam em 2011. De nada valeu a política deste Governo ao longo destes quatro anos”, atirou o líder do PS.

E se a resposta de Passos Coelho ao disparar do défice foi a de que é um “impacto estatístico”, Costa não perdoa e atira com dois rombos financeiros feitos no tempo de governos de direita: submarinos e BPN. “Dizem que não tem importância, que foi um mero registo contabilístico. Oh Dr. Portas não era um mero exercício contabilístico quando o défice aumentou porque tivemos que registar os submarinos que o senhor comprou”, acusou. Mais: “E não era um mero registo contabilísticpo quando tivemos que juntar dinheiro para estabilizar o sistema bancário depois da roubalheira dos seus amigalhaços do BPN”.

Défice dá novo fôlego

A derrapagem nas contas foi, aliás, o que mais animou a caravana socialista desde o arranque oficial da campanha, no domingo. Tanto que o líder do PS, que tem sido comedido no adjectivo que junta ao pedido de maioria, arriscou hoje pedir uma “vitória esmagadora, uma vitória clara” para o PS.

A notícia chegou logo pela manhã e Costa deixou uma garantia: apesar do “gigantesco buraco” aberto nas contas, o programa do PS “não se vai alterar em nada”. “O nosso programa mantém-se sólido, mantém-se credível”, garantiu o líder do PS, num almoço, em Águeda.

Quem esteve de serviço no tiro à coligação foi o dirigente socialista Pedro Nuno Santos. “Paulo Portas está transformado no sniper pessoal de Pedro Passos Coelho. Sempre que há alguma coisa que Passos Coelho não pode dizer, está Portas de serviço”, ironizou.

As sondagens continuam a dar coligação e PS praticamente empatados, com resultados nas margens de erro, mas Pedro Nuno Santos já vaticina o fim político do líder do CDS: “Que triste fim este de Paulo Portas terminar a sua carreira política como mero sniper pessoal de Passos Coelho”.

Os cenários pós-eleições são arriscados mas Pedro Nuno Santos é visto no partido como um aspirante a secretário-geral do PS. Se não para já, pelo menos para o futuro. Até Costa já o antecipa. “Pedro Nuno você não joga? Olhe que isto tem um profundo significado político, eu passou-lhe a bola”, brincou o líder do PS, num curto jogo de rabia com o dirigente socialista e dois rapazes de uma escola em Águeda.

O dia foi dedicado à educação com Costa a marcar pontos junto de uma classe importante: os professores. O líder do PS defendeu a estabilização dos corpos docentes nas escolas “o mais cedo possível”. A “incerteza permanente” dos professores que no início do ano lectivo não sabem a que escola vão parar “é uma coisa destrutiva para as pessoas e extremamente negativa para a qualidade da formação”, referiu Costa, num debate com professores, em Oliveira de Azemeis. E deu o exemplo da mulher, Fernanda Tadeu, que foi educadora e a “meio de Agosto começava a angústia”.

Costa também defendeu que os professores não podem “consumir horas em trabalho burocrático”, uma das queixas recorrentes da classe após a introdução da avaliação de professores feita pelo Governo.  E aproveitou para referir que, no programa do PS, está a suspensão da nova prova de acesso à profissão. Contudo, Costa deixou um aviso: “Não podemos voltar sempre à estaca zero”.  

Durante a manhã, o secretário-geral do PS visitou um conservatório de música em Águeda onde se comprometeu com a revalorização do ensino artístico. “Seria imperdoável que esta geração não assegurasse o futuro da geração dos Márcios”, disse Costa, depois de ouvir Márcio, um aluno de trompete deste conservatório que, devido aos cortes de financiamento do Governo, está em risco de não prosseguir os estudos, uma vez que os pais estão desempregados. ​

sonia.cerdeira@sol.pt