O défice de 2014 foi revisto de 4,5% para 7,2% do PIB devido ao impacto do Novo Banco e o PS não deixou passar a oportunidade de atirar ao Governo, sublinhando que as metas de défice e dívida vão ser “absolutamente impossíveis de cumprir este ano”. No primeiro semestre de 2015, o défice ficou nos 4,7%, sendo que o objetivo é chegar a 2,7% no final do ano.
Este 'gigantesco buraco', nas palavras de Costa, não vai prejudicar as contas do PS: “O nosso programa mantém-se sólido, mantém-se credível”. A explicação que deu é que o PS alinhou com as previsões da Comissão Europeia para o défice, de 3% e 3,3% – “fomos ultra prudentes”, salientou – e em vez dos 107% para a meta da dívida a atingir em 2019, o PS prevê 117%. “A questão que se põe com este resultado é que não temos que alterar em nada o nosso programa”, argumentou.
Números que permitiram a Costa atirar à coligação os adjectivos que normalmente são utilizados à direita contra o seu programa. “Temos que dizer com clareza aos portugueses: eles não merecem confiança. Porque mentiram na última campanha eleitoral, porque fracassaram na acção governativa mas também pelo programa que apresentaram que à primeira se revelou ser fantasioso, não credível, aventureirista e absolutamente impossível de ser executado nas actuais condições financeiras”, acusou o líder do PS, num almoço em Águeda, distrito de Aveiro.
Costa também ensaiou um discurso do medo: se o Governo com uma “previsão irrealista da dívida” já se propunha a cortar 600 milhões na Segurança Social, então, com esta derrapagem “quanto terão que cortar nos pensionistas para atingir as metas?” – questionou o líder do PS. E “quanto vão ter que aumentar de impostos para cobrir este buraco que abriram nas previsões?”, rematou.
'Governo deixa herança pesada’
“Este Governo deixa uma herança pesada”, acusou por seu turno Pedro Nuno Santos, dirigente socialista – palavras que a direita costuma usar quando fala do Governo de José Sócrates e que agora fazem ricochete.
“Mas o PS está pronto para governar, tem um programa estudado e está preparado para enfrentar as dificuldades que tem pela frente”, prosseguiu o também cabeça-de-lista em Aveiro, distrito percorrido esta manhã pela caravana do PS.
“É o maior fracasso do Governo de Passos Coelho, o seu maior lapso”, atirou o socialista, que acusou o primeiro-ministro de “incompetência” na gestão do dossiê do Novo Banco.
Antes, em visita a um conservatório de música em Águeda, António Costa já tinha afinado o tom para a reação socialista. “O maior défice que o país acumulou ao longo do século foi o das baixas qualificações e é esse défice que temos que combater”, disse Costa, depois de ouvir queixas por causa dos cortes no ensino artístico.
Para o PS, é certo que a má gestão do Novo Banco vai trazer custos para os contribuintes. “Vai ter que se injectar dinheiro no Novo Banco. Quem terá que injectar será um fundo de resolução, serão os contribuintes”, referiu Pedro Nuno Santos, numa declaração aos jornalistas.
‘Para que serviu a austeridade?’
Os socialistas instam agora Passos Coelho a explicar aos portugueses “para que serviu a austeridade” – isto porque empobreceu o país, aumentou o desemprego e a emigração, desinvestiu na Saúde e Educação e o “défice está nos mesmos níveis de 2011 e a dívida a aumentar”. Além disso, Pedro Nuno Santos defendeu que o Governo escondeu as contas do Novo Banco para conseguir “uma saída limpa” do programa acordado com a troika.