Com as sondagens a darem empate técnico no encalço, o líder do PS lembrou que “não há combates impossíveis”. “Todos os combates são possíveis, todos os combates valem a pena e é combatendo que os podemos realizar”, defendeu Costa, num almoço em Loures, onde há vinte anos teve um “combate difícil”.
Costa acena o papão da crise política, sublinhando que para que tal não aconteça “é essencial que quem vença as eleições não sejam os que são os radicais no seu próprio campo político mas os que no conjunto da sociedade portuguesa têm capacidade de promover o diálogo social com os diferentes parceiros”. Ou seja, o PS.
E, para que fique claro, Costa separa os dois lados da barricada: de um lado está a “direita radical” e do outro “toda a esquerda” e defende a democracia-cristã ou o personalismo humanista. Para mostrar essa união à esquerda, o líder do PS invocou o fundador do PS Basílio Horta, que também discursou durante o almoço, num apelo ao eleitorado do centro, e também os independentes Helena Roseta, que já foi do PS, José Sá Fernandes, ex-BE, e Duarte Nuno, ex-vereador da CDU em Loures, num piscar de olho à esquerda do PS.
“Há vida além do Orçamento”, disse o ex-Presidente da República, Jorge Sampaio, um dos mais populares em Belém. Uma frase que Costa usou para insistir na derrapagem do dérice à conta do Novo Banco para frisar que, pior que esse “fracasso” é a forma como Passos “desrespeita” os cidadãos e acha que “pode andar impunemente na vida política a enganar tudo e todos”.
Apelar ao centrão
O ex-dirigente do CDS Basílio Horta foi a Loures dar apoio a António Costa e apelar ao ânimo dos socialistas. “Não se deixem abater pelas sondagens, sabemos a força que temos”, afirmou. “Eles têm as sondagens mas nós temos a força”, insistiu.
Enumerando os ataques que o Governo fez à classe média, as privatizações e cortes no Estado Social, Basílio Horta, eleito presidente da Câmara de Sintra nas listas do PS, pediu uma grande mobilização aos socialistas para o comício de Lisboa, na próxima terça-feira.
Numa chamada de atenção a quem está no centro político, o democrata-cristão lembrou que só com o PS haverá estabilidade. “Haverá maior instabilidade do que uma eventual vitória deste Governo? Quem tem capacidade de diálogo para estabilizar após as eleições é o Dr. António Costa”, garantiu.
A “cosmética” da devolução da sobretaxa
Em declarações ao SOL na edição desta sexta-feira, o primeiro-ministro garantiu que iria “devolver aos contribuintes uma parte importante da sobretaxa deste ano. “Um exercício de cosmética”, acusou o economista Mário Centeno, durante o mesmo almoço em Loures.
“Prepara-se o Governo com uma estratégia de pressão fiscal para anunciar hoje pela primeira vez a revisão da suposta sobretaxa. Mais um exercício de cosmética, puramente eleitoralista que o Governo faz porque tem para ele um custo zero. Eles não vão ganhar as eleições no dia 4 de Outubro”, acusou o coordenador do cenário macroeconómico do PS.
Costa acabou também por destacar que o programa do PS não se altera “uma vírgula” mesmo com esta alteração no défice. Com o cancelamento da venda do Novo Banco o défice de 2014 passou dos 4,5% para os 7,2%, enquanto o défice de 2015 no primeiro semestre vai em 4,7% e o objectivo do Governo era 2,7%.
“Nós nunca embarcámos em fantasias e ilusões. Quando desenhamos o programa assumimos que o défice deste ano não ia ser uma miragem mas o que realisticamente todas as instituições internacionais previam este ano”, explicou. “Não temos que corrigir nada, nem ter que mudar uma vírgula no nosso programa”, concluiu.
sonia.cerdeira@sol.pt