Jerónimo diz que Passos e UE não devem ‘meter bedelho’ no PS e em Portugal

O líder comunista impacientou-se hoje com comentários do presidente do PSD sobre a vida interna do PS e as orientações das instituições europeias para Portugal, afirmando que Passos Coelho deve evitar “meter o bedelho onde não é chamado”.

"Não me cabe a mim ser juiz defensor do PS, mas acho que é um atrevimento que Passos Coelho esteja a meter o bedelho onde não é chamado, não tem jeito nenhum. Não quero pronunciar-me mais sobre isso. Não tem jeito nenhum", declarou Jerónimo de Sousa, à margem de uma visita à cooperativa artística Árvore, no Porto.

O cabeça de lista da Coligação Democrática Unitária (CDU) referia-se à entrevista da véspera do chefe do Governo a uma televisão, na qual o líder da coligação Portugal à Frente (PSD/CDS-PP) sugeriu que o secretário-geral socialista, António Costa, deve demitir-se em caso de derrota nas legislativas porque recorreu ao pretexto de o seu antecessor, António José Seguro, ter ganho as europeias por "poucochinho" e não saber fazer oposição.

"Os portugueses têm de confiar de facto no seu país, nas nossas potencialidades, procurar um desenvolvimento soberano e não estarmos sempre dependentes das imposições da União Europeia", defendeu, quando questionado sobre documentos das instituições europeias nos quais se admite haver ainda margem para aumento de impostos em Portugal, sobre o consumo e em matérias ambientais.

Relativamente às diversas declarações de dirigentes de Bruxelas, nomeadamente da Comissão Europeia, que possam estar a tentar influenciar a campanha eleitoral, Jerónimo de Sousa considerou que "eles têm estado muito contidos porque não querem mostrar aos portugueses" aquilo que a CDU tem vindo a denunciar.

"Ao contrário do que o Governo PSD/CDS tem vindo a afirmar, a situação não está resolvida, não vem aí um futuro risonho e têm em carteira medidas, decisões e instrumentos que podem levar ao aumento da exploração e do empobrecimento, mas, por razões táticas, ainda não vão anunciando", disse.

Sobre o setor da cultura, o líder do PCP reiterou a promessa de conceder 1% do Orçamento do Estado de 2016 àquela área e 1% do Produto Interno Bruto até 2019, criticando o seu congénere do PS por avançar com expressões de mera "retórica" sem concretizar as medidas que tem para a cultura, as artes ou a ciência, citando os exemplos dos problemas dos bolseiros e investigadores ou da qualificação e competitividade em geral.

António Costa, num almoço em Lisboa com agentes culturais, tinha afirmado que é necessário, mais que um Ministério da Cultura, "um Governo de cultura".

A caravana da CDU ultrapassou em seguida o trânsito caótico do Grande Porto em hora de ponta para chegar desde a zona da Torre dos Clérigos a Gondomar, onde realizou uma "arruada".

Lusa/SOL