Numa cidade em que os partidos à esquerda do PS são fortes, Costa argumenta que os adversários da esquerda devem ser PSD e CDS, Passos Coelho e Paulo Portas, mas lamenta que até agora o PS esteja sozinho contra a direita, ainda recebendo os ataques dos partidos à sua esquerda. “Não desperdiçamos a nossa energia no combate nem a atacar nem responder a outros ataques que são dirigidos por outras forças políticas, mas com toda a franqueza estamos sozinhos contra a direita toda unida a disputar palmo a palmo a vitória nas eleições”, defende Costa. Por isso pede que PCP e BE “ao menos” não concentrem as energias a atacar o PS mas sim os partidos da direita.
“Depois podem concentrar-se novamente nas manifestações a dizer Costa para a rua mas nestas eleições o que está em causa é Passos Coelho e Paulo Portas irem para a rua”, concluiu o líder dos socialistas.
O cheiro da sardinha para o almoço era “irresistível”, mas Costa ainda teve tempo para apelar à maioria absoluta de uma forma mais aguerrida que nos últimos dias. “Este é o tempo de combate, de lutar até ao último minuto para ter o único resultado que permite com segurança e tranquilidade derrotar o Governo e ter um novo Governo com a força para a mudança necessária”, garantiu. “É essa a nossa meta, o nosso objectivo e é por aí que temos que nos bater”. E Setúbal é um dos distritos que poderá ser decisivo. Além de ser um dos distritos com maior número de eleitores e portanto deputados, nestas eleições ainda vai eleger mais um dedeputado que o habitual.
A razão e o coração de Jorge Coelho e o momento inusitado
O dia de campanha começou com um momento inusitado. Uma mulher anónima subiu ao palanque antes do ex-ministro Jorge Coelho e, por momentos, a comitiva socialista temeu o pior. Mas a mulher acabou a apelar ao voto no PS, depois de contar a história do filho emigrado que, após o casamento, voltou em seguida para a China. “Não venho falar de números, venho falar de sentimentos”, disse a mulher, apelando a que todas as mães e avós votem para mudar de Governo.
José Sérgio/SOL
Jorge Coelho pegou nas palavras da mulher para dizer que também ele não vinha falar de números, mas de pessoas. “Falar com a razão e o coração, não tenho outra forma de estar na vida”, disse, recordando a velha máxima de António Guterres.
O ex-ministro e homem do aparelho do PS enumerou os enganos do Governo, dos cortes nas pensões ao aumento de impostos, para dizer que as pessoas “não se deixam enganar uma segunda vez”. “Acham que as pessoas são Pàf?”, perguntou Jorge Coelho, numa referência ao nome da coligação da direita Portugal à Frente (PàF).
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