2015 pode ser o mais dinâmico em dez anos

Nos primeiros seis meses do ano foram investidos 950 milhões de euros em imobiliário comercial, 13% do volume de negócios concretizados nos últimos dez anos. No mesmo período de janeiro a junho foi ainda ultrapassado o valor total aplicado em 2014.

Foram aplicados 950 milhões de euros em investimento imobiliário comercial nos primeiros seis meses deste ano. Este valor corresponde a 13% dos mais de 7,54 mil milhões de euros transacionados neste mercado no período de dez anos entre 2005 e 2015.

Segundo Pedro Lancastre, diretor geral da JLL Portugal, o ano de 2015 poderá mesmo ser o mais dinâmico da última década em termos de investimento no imobiliário português, prevendo-se que o mercado possa transacionar este ano um valor entre 1,5 e 2 mil milhões de euros.

Este otimismo é alicerçado pelos resultados do Market Pulse da consultora imobiliária JLL, que analisa o primeiro semestre do ano. «Perspetiva-se um ano recorde para o investimento em imóveis comerciais em Portugal. Os dados do mercado dão conta disso mesmo: o volume investido no primeiro semestre já superou o valor total do ano passado e foi sete vezes superior ao período homólogo», revelou o responsável.

O relatório da JLL demonstra que o interesse dos investidores por ativos imobiliários nacionais voltou no final de 2013, mas só a partir do segundo semestre do ano passado se verificou o impacto deste dinamismo no volume transacionado, com os primeiros seis meses de 2015 a confirmarem esta retoma e um volume sete vezes maior do que o registado no período entre janeiro e junho de 2014.

Domínio dos investidores internacionais

Os investidores internacionais voltaram a dominar no primeiro semestre deste ano (77% do total investido) e o retalho foi o segmento mais procurado (70%). Neste ponto, destacam-se as transações de dois centros comerciais e 16 unidades de retalho alimentar, além de sete lojas nas principais zonas de comércio de rua de Lisboa.

Nos dados do segmento de retalho apenas, o investimento foi ainda mais dominado pelos investidores estrangeiros (83%), enquanto que nos escritórios foram os portugueses a liderar as compras (79%).

Escritórios com um peso de 14% no investimento

Os escritórios pesaram 14% no total do investimento no primeiro semestre, com cinco edifícios de referência a merecerem destaque, dos quais dois localizados na Avenida da Liberdade. Face a este dinamismo, as yields voltaram a cair no primeiro trimestre nos centros comerciais, nas lojas de rua e nas duas principais zonas de escritórios (Prime CBD e CBD). Em termos homólogos, as yields caíram 100 pontos base em cada um destes quatro mercados, situando-se agora em 6,25%; 5,5%; 6,75% e 6,0%, respetivamente.

Também a ocupação de escritórios registou performances positivas nos primeiros meses de 2015. Foram arrendados 50.776 m² no primeiro semestre, mais 24% do que no mesmo período do ano passado. Este volume corresponde a 123 operações de arrendamento, com uma área média de 412 m², superior aos 349 m² de média por operação que foram transacionados em 2014.

Entre janeiro e junho não foi concluído nenhum edifício de escritórios e os dois que deverão ficar terminados este ano estão a ser ocupados pelos proprietários, nomeadamente a nova sede da EDP e o edifício Castilho 24, que será integralmente ocupado pelo Banco de Portugal.

Comércio de rua continua bastante ativo

No mercado de retalho, a recuperação do consumo e consequente aumento das vendas continuaram a animar o arrendamento de lojas integradas, quer em comércio de rua quer em centros comerciais. Ainda assim, no segundo trimestre foi registada apenas uma nova abertura nas principais zonas de comércio de Lisboa, o que se deveu sobretudo à falta de espaços disponíveis nas zonas prime de retalho e não tanto a uma redução na procura por parte dos retalhistas.

As rendas prime do comércio de rua em Lisboa continuam a registar uma tendência de subida, atingindo no final do segundo trimestre os 110 euros/m²/mês no Chiado. No Porto, nomeadamente na Rua de Santa Catarina, as rendas também subiram, situando-se atualmente nos 40 euros/m²/mês.

Nos centros comerciais registou-se igualmente um aumento da renda prime ao longo do período de abril a junho para os 95 euros/m²/mês.

Atualmente existem dois grandes projetos em desenvolvimento: um em Loulé, promovido pela Ikea Centres, e outro em Braga, o Nova Arcada (ex-Dolce Vita Braga). Está prevista em ambos os locais a abertura de uma loja Ikea.