“Não podemos desperdiçar a oportunidade de finalmente, passados quatros anos, pegar no voto, que é a arma do povo, e escolher e decidir com o voto, não deixar para ninguém, nem para jogos parlamentares, nem para a lotaria, nem para a vontade do senhor Presidente da República, a escolha do Governo que querem que governo Portugal”, pediu o líder do PS, no último comício da campanha, em Almada.
No último dia de campanha, Costa já só queria chegar até ao fim. Com voz. Depois de ter perdido a voz a meio do discurso no habitual almoço da Trindade, quando apelava aos indecisos, o líder do PS teve que falar baixinho. “A ver se consigo chegar até ao fim, como tenho medo de não chegar até ao fim queria começar por fazer agradecimentos”, começou Costa, agradecendo à família, mulher e filhos, pelo “carinho e energia”.
Apesar das sondagens a dar vantagem à direita, Costa tornou a pedir uma “vitória clara, inequívoca e absoluta”, pedindo “aos que estão a pensar abster-se, aos que já descreem em tudo” para votar PS. Se não por eles, pelo menos pelos que estão “impedidos de votar”. O líder do PS referia-se aos emigrantes, a quem apelidou de “verdadeiros refugiados expulsos pelas políticas deste Governo”, que estão impedidos de votar, por constrangimentos vários como o facto de não terem mudado a morada ou por possíveis extravios no correio.
Ataque cerrado a PCP e BE
A bipolarização veio em crescendo na campanha e só nos últimos dias PCP e BE foram um alvo direto dos ataques dos socialistas. O presidente do PS, Carlos César, foi o mais duro: “O voto no PCP e BE é um voto emprestado à direita. Votar em Jerónimo e Catarina é como votar em Pedro e Paulo. Cada voto que cai na urna em Jerónimo e Catarina é um alívio para os Portas e Coelhos que nos governaram estes anos”.
César pediu a quem pensa votar PCP, BE e em pequenos partidos para concentrar o voto no PS, para derrotar a direita. “Com este empate, votar num pequeno partido é como falhar um penalty no último minuto do jogo”, defendeu.
Já a cabeça-de-lista por Setúbal, Ana Catarina Mendes, lembrou um histórico comunista, Arlindo Vicente, que em 1958, em Almada, assinou um acordo para desistir da candidatura a favor de Humberto Delgado. “Não peço a ninguém para desistir, mas peço que aqueles que ainda acham que o voto vale para protestar que não estamos em tempo de brincadeiras. É um momento muito sério para Portugal”, argumentou.
O último dia de campanha foi dia de uma grande arruada, a tradicional descida do Chiado. A maior mobilização da campanha desaguou no “cacilheiro da confiança” rumo ao último comício, em Almada, no distrito de Setúbal, um dos distritos mais importantes, com um maior número de deputados e tradicionalmente de esquerda, e em que o PS aposta mais.