Morais Sarmento tinha começado a noite com um tom mais crítico face a Costa. Considerou que “há um claro vencedor e um claro perdedor” nas eleições de hoje e que “a derrota de António Costa começa hoje, não acaba hoje. Terminará na sede do partido”. O social-democrata afirmou ainda que a coligação deve ter uma “atitude de orgulho” perante os resultados, já que “há nove meses ninguém dava cinco cêntimos pela vitória da coligação”.
Adolfo Mesquita Nunes, o representante do CDS no painel da RTP, manifestou abertura de fazer pontes com os socialistas. “Deve haver programa de governo que reúna os três principais partidos. O PS mostrou porque é partido importante para a democracia, seja no Governo seja na Oposição. Teve agora uma orientação moderada que lhe faltou na campanha”.
Antes, no início da noite eleitoral, tinha acusado o PS levantado hipótese de constituir uma maioria parlamentar, mesmo sem ter ganho as eleições, que violaria a maioria “expressíssima” dos partidos que querem estar no euro e cumprir o tratado orçamental. “É um quadro de secretaria”, lamentou.
Do lado do PS, Augusto Santos Silva foi mais comedido nas pontes entre PS e direita, pondo mais pressão sobre os adversários políticos. “A coligação perdeu a maioria absoluta. Compete Dr. passos Coelho apresentar um programa de Governo de acordo com os novos anseios do eleitorado”.
António Costa deve ficar na liderança, defende Augusto Santos Silva
O socialista já tinha defendido que António costa não deve demitir-se de secretário-geral do PS. “Num cenário sem maioria absoluta no Parlamento, não faz sentido nenhum precipitar um debate fora de tempo sobre liderança, e sim reforçar quem está na melhor posição”. O ex-ministro do PS admitiu que o partido “não conseguiu exprimir politicamente a maioria que rejeita o actual Governo”.
Questionado sobre se Costa devia continuar, respondeu de forma categórica: “Sem dúvida”. “O PSD deve ser indigitado para tentar formar governo. Viveremos uma situação difícil e não vejo que PS tenha melhor militante para dirigir o partido nestas circunstâncias”.
A comentadora do Bloco de Esquerda, Marisa Matias, destacou a subida eleitoral do Bloco e dos partidos que mais se bateram na luta contra a austeridade e o fim da maioria absoluta. Agora, espera que este “sentido de mudança tenha espaço na Assembleia da República”.
João Oliveira, do PCP, destacou também que a coligação perdeu votos face às eleições de 2011. “Há uma composição da Assembleia que expressa uma vontade de interromper o que os dois partidos vinham a fazer. Veremos, com a composição do Parlamento, quem viabiliza o Governo e a política do Governo”.