A experiência foi partilhada com os leitores na sua página pessoal e, mais tarde, no livro Quicksand (“não é um livro sobre a morte e a destruição mas sobre o que significa ser humano”, escreveu).
Até há poucos meses as perspetivas do boletim clínico eram positivas. Escrevia um novo romance (até ao momento não se sabe se foi concluído) e encenou um Hamlet no Teatro Avenida, de Maputo, no qual foi diretor artístico durante quase três décadas. Mankell dividia o tempo entre a capital moçambicana e Ystad, localidade a sul de Gotemburgo. Aí recebeu a lenda do rock Patti Smith, que o presenteou com um concerto privado.
Em entrevista a Rita Silva Freire, em 2012, a propósito do lançamento do último policial de Wallander, Um Homem Inquieto, Mankell sentia-se bem na sua pele de sexagenário: “Muita gente no mundo nem sonha com isso, morre por volta dos 35 a 40 anos. Tenho uma vida maravilhosa e devo aproveitá-la enquanto posso. Vou continuar a escrever, mas o que será lembrado não sei. No final, todos seremos esquecidos. Quantos escritores de há 150 anos são ainda lidos hoje? Porquê preocuparmo-nos com isso? Vivemos agora. Esta é a grande aventura”.
Considerado o mais importante autor do chamado noir nórdico, Mankell conheceu grande popularidade com a edição de Assassino Sem Rosto, a primeira de uma dúzia de histórias de Wallander. “Nunca seriamos amigos próximos, pois temos interesses muito diferentes. Trabalhamos muito, gostamos de ópera italiana e pertencemos à mesma geração, mas não sei se teremos mais alguma coisa em comum”, disse ao SOL sobre a personagem que já foi adaptada à TV em duas ocasiões (uma delas protagonizada por Kenneth Branagh).
O mais recente livro de Mankell publicado em Portugal é Um Anjo Impuro (ed. Presença), sobre uma sueca que no início do século XX dirigia um bordel em Lourenço Marques.
Até ao fim do ano, a editora não prevê publicar algum outro título do sueco.
Para quem gosta de números: os livros de Mankell (dos quais 40 romances), traduzidos em 40 idiomas venderam 40 milhões de cópias.