A ex-presidente do PS tem apoio em todas as alas do partido, mas começou por ser lançada pelos socialistas que se opunham a Costa. Uma ala que sempre acreditou que Belém iria superar Nóvoa, desde logo na distribuição de apoios dentro do partido socialista. Com Jorge Coelho a aparecer como homem forte da candidatura de Belém, o jogo começa a desequilibrar contra Nóvoa. E as sondagens confirmam que o ex-reitor está em perda.
No final da noite eleitoral, numa sondagem para a TVI, a Intercampus colocou Maria de Belém com 17% das intenções de voto, bem à frente dos 10% de Nóvoa. E apontou a Marcelo Rebelo de Sousa a hipótese de ganhar à primeira volta (49%). Na mesma noite, Jorge Coelho indicava o caminho ao PS: “dar liberdade de voto e ter isenção total na primeira volta”, para não provocar divisões e “uma derrota humilhante”. Costa, na Comissão Política de terça-feira, seguiu a doutrina para afastar “fraturas” no partido. E Nóvoa ficou com a vida mais difícil, apenas com o apoio oficial do Livre/Tempo de Avançar.
“É fácil de ver que Nóvoa está em perda e já não é obstáculo para Maria de Belém”, diz um socialista, que admite porém ser difícil escapar a uma derrota em janeiro face a Marcelo. Logo depois haverá Congresso do PS, onde os que querem apear Costa lhe irão atirar com a responsabilidade de dois desaires nas urnas. Daí a vantagem de ter na corrida o ex-reitor, que foi lançado por Costa e dividiu o partido.
Maria de Belém apresentará a candidatura na próxima terça-feira. Além de Jorge Coelho, poderá ter a seu lado Francisco Assis, que já declarou o seu apoio.
O rumor da desistência
Durante os últimos dias, correu a informação de que o ex-reitor se preparava para desistir, depois de saber que não teria o apoio do PS.
Pressionado pelas notícias do início da semana, que davam conta da sua desistência, Sampaio da Nóvoa teve que desmentir o burburinho que se instalou, numa declaração aos jornalistas. “Tendo em conta o resultado das eleições legislativas, ficou mais clara do que nunca a urgência desta candidatura”, garantiu ontem o ex-reitor da Universidade de Lisboa.
Nóvoa sublinhou que a sua candidatura é feita “em nome da cidadania” e que não está “dependente de nada, nem de ninguém” – uma referência à decisão do PS de não apoiar qualquer candidato presidencial.