O secretário-geral parece apostado em dificultar a vida ao PSD e ao CDS – com quem volta a reunir-se ainda esta tarde – e as esperanças dos sociais-democratas e dos centristas viram-se para Cavaco Silva. Na coligação são muitos os que, tendo em conta o perfil institucionalista do Presidente da República, não admitem a possibilidade de Cavaco indigitar António Costa como primeiro-ministro, ainda que se apresente em Belém com a garantia de um governo com apoio maioritário à esquerda.
Nesse cenário, o PSD e o CDS acreditam que o Presidente possa indigitar Passos Coelho com primeiro-ministro, uma vez que é o líder da coligação que venceu as eleições, obrigando-o a assegurar depois no Parlamento a viabilização do seu programa de governo.
E caso António Costa vote uma moção de rejeição – já anunciada pelos bloquistas – ao lado do BE e do PCP, o novo governo de Passos Coelho poderá ficar em gestão até que se realizem novas eleições.
O que só poderá acontecer depois de Abril e com eleições já convocadas pelo novo Presidente da República, que assumirá funções depois das presidenciais de Janeiro.
Com os dados que estão em cima da mesa, e caso seja mesmo impossível a maioria chegar a acordo com o PS, este é aliás o único cenário que poderá ser mais favorável a Passos Coelho e a Paulo Portas – permitindo-lhes até ambicionar o que sucedeu em 1987 quando o PRD derrubou o governo de minoria de Cavaco Silva e a realização de novas eleições lhe deu depois a primeira maioria absoluta.
Ainda hoje numa entrevista à agência Reuters, o secretário-geral do PS antecipou que o “que, neste momento, se constata é que, para já, o PS está em melhores condições, do que a direita, para assegurar a formação de um Governo que seja estável para os próximos quatro anos”. Costa foi mais longe e afirmou que espera apresentar essa solução “no curto-prazo”.
Quanto às negociações com o PCP e com o BE, assegurou que estão a decorrer tendo o programa do PS como base e o partido de Jerónimo de Sousa e o de Catarina Martins “não põem em causa” os compromissos internacionais como a pertença à moeda única e à NATO.