Costa à Reuters: PS está em ‘melhores condições’ para formar próximo Governo

António Costa dá a garantia que é o PS que está em “melhores condições” que a direita para formar um Governo estável e que cumpra os compromissos internacionais. A aproximação a PCP e BE torna-se mais clara bem como o afastamento de um acordo com Passos e Portas. 

Costa à Reuters: PS está em ‘melhores condições’ para formar próximo Governo

“Aquilo que, neste momento, se constata é que, para já, o PS está em melhores condições, do que a direita, para assegurar a formação de um Governo que seja estável para os próximos quatro anos”, disse o líder do PS, em entrevista à Agência Reuters, no dia em que se vai reunir pela segunda vez com Passos Coelho e Paulo Portas.

Costa aproxima-se cada vez mais de BE e PCP, que já manifestaram apoio a uma solução de Governo PS, sublinhando que o cumprimento dos compromissos internacionais – a “linha vermelha” do PS – não está em causa e que o diálogo com a direita tem sido mais difícil. “Aquilo que é claro, e que pode ser surpresa para muitos porque de facto é novo, é de, pela primeira vez, haver um Governo que corresponda à maioria de esquerda que existe hoje no Parlamento, sem pôr em causa o funcionamento das regras europeias”, frisou o secretário-geral socialista, na entrevista à Reuters.

Num acordo com BE e PCP será o PS a liderar o Governo e o seu programa, ao contrário do que acontecerá se for a coligação Portugal à Frente (PàF) a liderar o processo. “As negociações que temos mantido com PCP e BE tomam por base o programa do PS, com as propostas que, uns e outros, têm proposto acrescentar e com a correcção de algumas das medidas que temos no nosso programa, como é normal nas diferentes forças políticas", notou Costa. Após as reuniões com os socialistas, o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, deixou cair a exigência da saída da NATO e do euro e a porta-voz do BE, Catarina Martins, afastou também a reestruturação da dívida. Algo que irá ao encontro do que o Presidente da República pediu quando encarregou Passos Coelho de encontrar uma “solução governativa” com partidos pró-europeus.

Uma solução com Passos que Costa parece atirar para longe: "A negociação com a PàF tem a dificuldade da PàF querer adoptar como base, o que também e legítimo, o seu próprio programa, propondo-nos pescar à linha algumas medidas do programa do PS para adocicar o seu programa".

Costa colocou ainda pressão do lado do Presidente da República: “O presidente da República deve iniciar contactos formais para a formação de Governo na próxima semana. É bom que, quando começarmos esses contactos formais, estejam esclarecidos os caminhos que há a seguir acho que não é vantajoso prolongar um processo de indefinição política e é importante dar também um sinal, quer à Europa, quer aos mercados, quer a todos, que está encontrado um Governo estável.”

Hoje vários jornais traziam na capa que os mercados estão assustados com a possibilidade de um governo à esquerda e com o prolongamento das negociações para a formação de Governo. A entrevista de Costa à Reuters serve também para colocar água na fervura. “Há todos os motivos para se encarar, não só com tranquilidade, mas com esperança, uma mudança política que se venha a concretizar em Portugal, que criará certamente melhores condições para a estabilidade política, para a estabilidade social, para a criação de condições de investimento, crescimento e recuperação do emprego e da crise social que vivemos nos últimos anos, sempre no quadro da nossa participação na UE e na zona-euro”.

sonia.cerdeira@sol.pt