Na altura, o PS liderado por Carlos César venceu pela primeira vez as eleições nos Açores mas ficou com 24 deputados, tantos quanto os que o PSD alcançou.
Na sequência da derrota da direita, PSD e CDS mudaram de lideranças. E o novo líder do PSD/Açores, Costa Neves deu início a conversações com o seu homólogo centrista para tentar uma aproximação entre PSD e CDS e conseguir uma maioria parlamentar para formar governo.
Os bastidores das negociações que então decorreram foram ontem revelados por Costa Neves na revista Sábado.
“Estava tudo entendido com o CDS, tudo feito”, recorda Costa Neves, explicando que a ideia era avançar com o projeto de um governo maioritário com o apoio do CDS. E que, para isso, bastava fazer cair o governo de Carlos César com uma moção de rejeição.
No entanto, o então líder do PSD encontrou um obstáculo em Belém. “Tive uma audiência com o Presidente Jorge Sampaio, em que ele me disse preto no branco que não daria posse a esse governo e convocaria eleições".
O argumento de Sampaio, recorda Costa Neves, era o de que quem “tinha ganho as eleições era a linha adversa ao PSD, esquecendo ou tomando como irrelevante o argumento da maioria parlamentar”.
Mais uma história que vem levantar dúvidas sobre a viabilidade de um governo do PS com o apoio do PCP e do BE. E um dado que Cavaco Silva também poderá levar em conta quando analisar as decisões que os seus antecessores no Palácio de Belém tomaram em situações idênticas anteriores.
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