Ao que o SOL apurou, o professor não quer recorrer a cartazes, pendões ou folhetos na sua campanha – que será feita num registo de recursos mínimos. E abandonando o estilo tradicional, que o próprio ainda há meses considerou “estar ultrapassado”.
A ideia passará muito mais por uma campanha de afetos e de contacto com a população, uma nota que o ex-líder do PSD já deixou no seu discurso de anúncio da candidatura a Belém.
Um dos seus conselheiros próximos refere, a este propósito, que o grande desafio de Marcelo “é transformar a enorme popularidade de que goza em confiança política junto dos eleitores”.
Por outro lado, e dada a vantagem com que parte para as presidenciais, outro elemento do seu núcleo duro de apoio alerta que uma das matrizes da campanha deverá assentar em “cometer o mínimo de erros possível, para evitar dissabores”.
Nesse capítulo, uma das dificuldades que Marcelo enfrentará e a que tentará fugir até quando puder será a de dizer o que faria se estivesse neste momento no lugar de Cavaco Silva, tendo em conta o atual quadro político e as negociações que decorrem com vista à formação de um novo governo.
Depois da apresentação-relâmpago da candidatura, há uma semana, no auditório da Biblioteca Municipal de Celorico de Basto – onde compareceu apenas na companhia de um amigo e na presença de jornalistas e alguns locais – Marcelo terá a sua primeira ação de campanha hoje, no Porto, numa sessão pública no Mercado Ferreira Borges. Esta será a oportunidade para algumas figuras destacadas da direita poderem marcar presença e dar um sinal de apoio à candidatura. Quanto ao professor, deverá aproveitar o momento para levantar o véu sobre a natureza da campanha que planeia fazer e sobre as suas ideias para a Presidência da República.
Rio e Jardim fora da corrida
Entretanto, Rui Rio desfez quaisquer dúvidas que ainda existissem sobre uma eventual candidatura. Num artigo no Jornal de Notícias, Rio justificou que a sua decisão de não ser candidato às presidenciais é “sustentada e coerente” e assenta no resultado eleitoral de 4 de outubro, que ditou um “quadro parlamentar instável”. E embora considere que a sua candidatura “poderia ser a que melhores condições tinha de, no quadro do espaço ideológico moderado, conseguir garantir a indispensável estabilidade e sobriedade na política nacional”, o ex-presidente da Câmara do Porto afastou-se da corrida. Mas não o fez sem críticas às direções do PSD e do CDS por darem liberdade de voto nas eleições de janeiro. Perante isto, sublinhou que, se a sua candidatura avançasse, “facilmente seria interpretada como divisionista, senão mesmo como desestabilizadora”.
Também Alberto João Jardim, que lançara a hipótese de uma candidatura, veio ontem dizer que não avança por falta de apoios e de dinheiro. E aconselhou o voto em Marcelo.